Após as eleições de ontem, podemos observar um fenómeno que
é sinónimo a toda a Europa. Descontentamento com as politicas dos vários
governos.
Começando por Portugal, tal como acontece na Europa,
verifica-se um esvaziamento do centro, os tais chamados partidos do arco da
governação. O PSD perdeu, o PS que ganhando não pode cantar vitória, tendo que
procurar novo líder a fim de ganhar um novo élan, o CDS pôs Portas a fugir, o
Bloco de Esquerda, esse epifenómeno transferiu-se agora para o partido
unipessoal de Marinho Pinto (que sonha ser Presidente). O MPT, que é o espelho
do descontentamento dos portugueses e descredibilidade com toda esta governação que graça desde
inicio dos anos 80, agora com esta guinada para o discurso populista do “bota
abaixo” que encontra colo nos que ainda votam, mas descontentes com estas
politicas do centrão, que não vêm os partidos como um clube para a vida e assim
oscilam quer pelo fragmentador partido Livre, MPT ou Bloco de Esquerda caviar
sem verdadeiros ideólogos e obrigada a emigrar, com sinais já desde o tempo do
PRD que foram os primórdios desse descontentamento nos partidos em que se
acreditava.
Quanto à CDU que continua com um partido (PCP) estruturado e
coerente com os seus princípios com um discurso claro quer se concorde com ele
ou não, com renovação constante dos seus quadros, mostrando ideias firmes
quanto à sua ideologia e à Europa que a denunciou desde o seu inicio, mas que
sempre foi perseguido pela ideia do papão comunista criado no mundo que o
impede de crescer com mais clareza mas mesmo assim saindo o verdadeiro
vencedor, vistos os resultados.
Os partidos da governação que contam com os bodes velhos do
aparelho partidário, agarrados à teta que não querem largar, arrastando com
eles tudo aquilo que há de mau na politica actual, o clientelismo e o
servilismo ao poder económico, que destrói as vidas dos cidadãos.
Vistas as coisas tanto em Portugal como na Europa há
claramente uma derrota dos partidos desta democracia. Um cansaço desta politica,
que resultou no esvaziamento por completo das maiorias que ocupavam no espectro
político, arrastando os povos para as falanges extremistas e assustadores
nacionalismos, como a Frente Nacional de Le Pen em França, a Holanda, Dinamarca, Hungria, ou mesmo a
Inglaterra contra a União Europeia, a Grécia da Aurora Dourada, até mesmo os separatistas
flamengos da Bélgica, passando pelo esvaziamento por completo dos partidos da
governação na vizinha Espanha, etc.
Mas quem ganhou efectivamente foi a abstenção, acompanhada
dos votos nulos e brancos, daqueles que já não acreditam nesta politica e da
qual se dissociaram.
Quem os conseguir conquistar será um efectivo vencedor, e aí
os partidos de extrema direita com as suas ideias torpes e perigosas
conquistarão esses insatisfeitos e sem formação cívica e politica suficiente
para evitar o horror de um neo-nazismo que tornarão tudo ingovernável democraticamente e será a anarquia total de uns contra os outros. Os verdadeiros progressistas contra o retrocesso
civilizacional nacionalista.
O medo para os emigrantes (pensando nos portugueses) começou.
Estes sim devem mesmo estar preocupados.
Nós por cá ficaremos apenas mais pobres porque a memória
para já ainda não nos vai deixando apagar a má recordação da ditadura até o 25
de Abril, impedindo o crescimento assustador da estrema direita.
Quanto aos mercados, esses nem um sobressalto tiveram.
Parecendo que estão mesmo na sua praia.
Agora pergunto, será que os russos vão deixar ressurgir uma
nova onda nacionalista/fascista na Europa? Acho que não.
Eles têm bem presente o mal que Hitler lhe causou e não o
apagaram dos seus manuais de história, nem das suas memórias.
Há um ditado que diz que o perseguido vira perseguidor.
A Europa está falida e a Rússia está a mostrar as suas
garras.
No que diz respeito a estas eleições é mais um sinal do fim
da Europa e declínio económico arrastando-nos para a desgraça e miséria.
Olhem para o que aconteceu no período entre a depressão de
1929 e a 2ª. Guerra Mundial.
Temos agora um retrato em slow motion.
Puramente assustador.
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