Os desequilíbrios globais eram evidentes. Com a economia
mundial a desenvolver-se a três velocidades. Era espectável que isto iria
acontecer.
Com um sistema financeiro apostado na especulação e não na
produção e realização de investimentos, só podia trazer estes resultados.
A culpa não foi só da bolha do subprime imobiliário. A culpa
foi de um neoliberalismo desenfreado, que só se interessou com o lucro e formas
de o obter.
Não se preocupando com a criação de postos de trabalho
alternativos ao crescente aumento de desemprego e à substituição de mão de obra
humana pelas novas tecnologias, robótica e desenvolvimento cientifico, os
especuladores só viram o lucro e os empresários igual. Canalizando os seus
investimentos para países onde o lucro era mais proveitoso, como os países asiáticos,
deixando um rasto desemprego que possibilitou tabelar ao nível dos países mais
pobres os salários dos países em crise no ocidente.
Com um pensamento
mercantilista do Estado, não regulamentando nada e permitindo que se fizesse
tudo de forma absurda, como os investimentos em bolsa e mercados completamente
desprotegidos por lei. Tudo foi permitido fazer e continuando tudo na mesma.
As medidas adoptados pela Reserva Federal Americana lançando
abundantes somas de dólares no mercado, serve essencialmente para facilitar aos
especuladores como os maiores bancos, a diluição e livrarem-se de investimentos
chamados lixo tóxico que de outra forma teriam que ser declarados quebras e
lhes acarretaria grandes prejuízos e algumas falências.
A diluição dos produtos tóxicos dos bancos faz suportar
esses prejuízos pelas pessoas, quer através de abaixamento de salários, quer a impingirem
produtos financeiros aos particulares, ou mesmo através de investimentos
bolsistas onde acabarão por perder grande parte das aplicações, uma vez que o
PER das empresas está muito elevado. Isto é, o valor observado essencialmente em
acções, não corresponde ao seu real valor.
Por fim, o aumento do défice global (publico e privado) dos
países que decidiram segurar estes investimentos imprudentes, levará porventura
à falência de alguns estados, com dívidas impagáveis como é o nosso caso.
O colapso do PIB dos países desenvolvidos deve-se
essencialmente ao um desenvolvimento mundial desigual ao longo da história, que
se ressentiu com a globalização, em que as grandes empresas multinacionais se
deslocalizaram para obter mais lucros.
Os Estados desenvolvidos foram suportando com um PIB cada
vez mais baixo e um défice cada vez maior, enquanto o estado social for
segurando as pontas.
A culpa assenta no desenvolvimento desigual nos vários
pontos do mundo e com o novo fenómeno da globalização, arreganhou tamanhas
brechas. Naturalmente que para este modelo económico e social, é mais fácil
tabelar por baixo do que nivelar por cima, daí este ataque cerrado a direitos laborais
e sociais e com um brutal abaixamento de salários e aumento da precariedade
laboral.
Claro está que enquanto esta politica não for demonstrada
que é um verdadeiro fracasso, eles irão persistir em salários cada vez mais
baixos.
Faltará saber se novamente não virão defender a regra da
oferta e da procura, como acontecia há dois ou três séculos atrás. Então aí sim,
assistiremos a trabalho à troca de comida e com as crianças a ter que começar a
trabalhar de novos.
Claro está que é difícil admitir que com salários mais
elevados aumenta o consumo e provoca o desenvolvimento, suportado no ocidente enquanto
pode à custa de mão de obra barata desses países mais pobres sustidos apenas
nas produção exportadora das grandes multinacionais aí instaladas que acabaram
por esvaziar financeiramente os países desenvolvidos.
Exemplo disto, é o que se passa no Japão desde os anos 90,
agora com uma dívida astronómica e só suportada porque os japoneses ainda a
conseguem segurar.
A economia nunca poderá recuperar com salários baixos, não
sustentando poder de compra das pessoas.
Com esta crise as trocas comerciais entre países agrava-se,
os países fecham-se em si mesmo, impedindo os fluxos comercias de mercadorias e
de pessoas.
Os países radicalizam-se (com fenómenos de novas extremas –
direita) e protegem as suas economias provocando maiores crises.
Estas crises levam ao aumento de desigualdades sociais e
novas manchas de pobreza, não permitindo um verdadeiro desenvolvimento.
Isto leva a que os países que estavam com crescimento económico
e com superávits à conta do aumento de exportações para países desenvolvidos,
entrem também eles em recessão, devido à falta de escoamentos da produção,
porque não apostam no verdadeiro desenvolvimento desses países.
Este fenómeno que se verificou há poucos dias com a crise da
fuga de dinheiros dos países em vias de desenvolvimento (asiáticos), é nada
mais nada menos o regresso do dinheiro feito em apostas na economia daqueles países
quando a crise rebentou aqui.
O dinheiro transfere-se de um canto do mundo para o outro
com um click e ele vai andar a rodar de um lado para o outro, sempre à procura
do lucro.
Conforme agora voltou de lá, para lá pode voltar quando a
crise se instalar novamente na Europa e EUA, e assim andará a destruir
economias e empurrar para a miséria famílias, até que um dia não vai ter país
nenhum para fugir, porque a depressão será global, com a pobreza a ser aceite
por todos nós.
A não ser que nos oponhamos.
Se pegassem nesse dinheiro infindável apostado na especulação,
retribuíssem salários justos e apostassem no desenvolvimento e bem-estar dos
povos acabariam com a crise e a economia crescia.
Mas vá lá dizer isso a um rico.
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