quarta-feira, 15 de junho de 2011

O COVEIRO DA NAÇÃO?






No dia de Portugal, Cavaco Silva e António Barreto falaram do renascer da agricultura.






Homens que enterraram a agricultura e provocaram o afastamento da terra falam agora da terra e de repovoamento do interior.

A adesão de Portugal à União Europeia, aconteceu numa altura de revisão da Politica Agrícola Comum (PAC), começando-se a pagar subsidios aos agricultores para deixarem de produzir, por causa de excedentes na Europa.
Assim a política da EU foi feita especificamente para agricultores com milhares de hectares e não para pequenos e jovens agricultores que se aventuraram e faliram sem possibilidades de subsistir, com subsídios mal distribuídos e só para alguns, mas cheio de exigências e complicações, levando os pequenos agricultores portugueses à ruína e ao divorcio da agricultura.

Com a ânsia de adesão à Europa, os nossos governos de então aceitaram sem pestanejar as imposições agrícolas esquecendo que o País era essencialmente constituído por pequenos agricultores onde quase assentava a produção na agricultura familiar, não tendo possibilidades de se adaptar a uma nova Politica Agrícola, quando principalmente o tipo de terreno e a dificuldade de emparcelamento das terras estaria sempre aquém do tipo de agricultura praticada na EU.

Jorrou por aí dinheiro, para tudo e mais alguma coisa. Pagou-se para replantar, para arrancar, para não produzir e para outras coisas, como casas de férias com piscinas e altos carrões e tudo andava feliz.

Os Hipermercados e suas plataformas comerciais além de arruinarem o comércio, derreteram os agricultores e pescadores e tudo vinha lá de fora, da Espanha, França e outros, mais rápido e pelas estradas orgulhosamente construidas. E era tudo realmente feliz.

Pouco subiam os ordenados mas havia subsídios e empréstimos eu euros para baralhar mais as contas. Tudo era mesmo feliz e os governos orgulhavam-se do crescimento económico.

Mas eis que a crise chegou e tudo mudou de figura.

Agora desafia-se as pessoas a repovoar o interior para se dedicarem à agricultura quando sabem que aquilo só serve como modo de subsistência porque efectivamente eles provocaram o abandono, empurrando as pessoas para os empregos de serviços nas grandes cidades que não contribuem para o equilíbrio das contas da Nação.

O regresso à terra vai acontecer, sim! Porque é necessário produzir cerca de mais 70% mas isso não é porque as pessoas achem que seja preciso, mas sim por necessidade de matar a fome, que o garrote começa a apertar.

E não pense Sr. Presidente Cavaco Silva, que vai acontecer pelo seu apelo às pessoas que regressem à terra que ficou deixada ao abandono onde se fecharam escolas e hospitais, sem condições de vida.

Há que tempos eu vinha dizendo! Que a fome vinha aí?
Agora pede-se para produzir e consumir produtos nacionais, para equilibrar a balança de transacções correntes, para equilibrar o deficit, depois de o país estar falido!

Criar agricultura é criar riquezas e claro que estamos a ajudar o Pais, mas eles esqueceram isso com o deslumbramento da adesão à EU.
Mas as pessoas só compram produtos nacionais se forem mais baratos, porque eles até podem saber que “O Nacional é bom” e pode ajudar o País, mas o que conta é a carteira e aí não vão dar o dobro por um quilo de tomates, só porque são nacionais. Eles vão isso sim é comprar meio quilo de tomates estrangeiros, porque o dinheiro já não dá para mais e depois sim agarrar-se à terra, lá terá que ser!

Vem agora o Sr. Presidente da República apelar ao repovoamento agrário! Qual Rei Dão Sancho I, qual Povoador?
Que patetice Senhor Presidente, desculpe!
Espero que não seja alcunhado de "O Coveiro da Nação" porque foi essencialmente com os seus governos que isto começou a afundar-se. Ou os pequenos agricultores não se lembram? Como se come muito queijo e ainda se tem palavras como “eu bem que avisei”.

Ah! Vamos ver se as pessoas não se lembram de acabar com a figura de P.R., pois mais parece um governo com tanto dinheiro ali gasto.
Até dizem que o Rei de Espanha gasta bem menos!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

TOURADA É FESTA OU SOFRIMENTO?




Esta faena tem um director da corrida que já deu a ordem, apesar de andar em campanha eleitoral. A Ganadaria é da TROIKA Lusitana e Europeia. O Público aplaude porque está ansioso por uma tourada à espanhola, pois vão morrer os touros na arena. Ouvem-se aplausos e assobios, boinas pelo ar em sinal de concordância com a tourada.
Aí está o povo ao rubro e a banda começa a tocar. Começam a desfilar os toureiros levando atrás os subalternos e um pouco pelos vários Comandos fazem-se contas às horas. Aproximam-se da Tribuna Presidencial onde fazem a sua apresentação com toda a reverencia e depois de desfilarem pela arena, escondem-se atrás das trincheiras que sempre ali existiram à cautela dos touros mais astutos. Muda-se a capa de passeio pela de brega, pois aproxima-se a hora de cortar e fazer contas.
O Presidente após verificar que está tudo nos conformes, com a concordância da comitiva abana o lenço. Abre-se o portão do curro e dá-se o inicio à corrida. Sai o primeiro touro, que não percebendo muito bem o que querem com ele e de repente vê-se no meio da arena. O touro chama-se EIR, é o primeiro touro da noite, sim que “à noite todos os toureiros são pardos “e começa por dar umas corridas até que se acalma, que depois vem o peão de confiança do toureiro e o coloca exactamente pronto para a primeira estocada, sem antes o cavalo de nome Lisboa, o medir e cansar um pouco, para depois o toureiro Nacional que o vai conhecendo e estudando na sua bravura e características, para ver até onde e como o consegue levar, sabendo de antemão que o objectivo é sempre o mesmo, assim se dá inicio a um longo martírio até á estocada final, que será o corte nos horários de trabalho dos bófias.
Claro que até final da corrida muita coisa irá acontecer, entre eles os forcados amadores de Braga, vão sofrer algumas cornadas durante a pega, mas a muito custo e ao fim de umas tentativas acabou por sair a maldita pega, sem que se tivesse evitado ferimentos graves no forcado da cara provocados pelos cornos do touro, acabando substituído pelo rabejador.
E pronto, a tourada continuou mas quando chegou a altura da lide a pé, mal vi a capa e o estoque, percorreu-me um profundo arrepio, sentindo o cheiro a morte, dali tentei fugir para não assistir a tremenda desumanidade.
Paguei caro por esta corrida mas muitos pagarão se calhar mais caro, se assistirem a ela até ao fim. Pois pagar corridas de morte sendo em Barrancos ou não, acabam por sair sempre custosas. São caras porque são contra os animais indefesos e os expõem a tamanho sofrimento com mais tempo sem descanso perante a morte anunciada. Bem, mas decidi ficar à espera dos amigos do ofício que me arrastaram até à tourada. Quero ver o que eles acham no final. Será que eles gostam do sofrimento e de matanças com sangue na arena? Ou animam-se com as touradas dos outros?