Votos contados e as contas estão feitas.
Ou não!
O que parecia ser fácil afinal tornou-se no maior berbicacho
do após 25 de Abril.
Ainda não repararam, pois não?
É certo é que todos dizem que ganharam, como sempre no dia
das eleições, mas no fim de contas estão todos com medo de perder.
O PCP tem medo de perder influencia politica à esquerda,
podendo o bloco ocupar-lhe esse lugar, conforme aconteceu na Grécia, abrindo
condições de negociação para um governo à esquerda, forçando o PS a guinar à
esquerda com medo de ser acusado de dar seguimento à politica deste Governo.
O Bloco (BE) a querer tomar lugar também num governo temendo
perder em novas eleições a percentagem que conseguiu nestas, tentando
afirmar-se com uma política alternativa conforme aconteceu com os seus amigos do
Syriza, encostando os Socialista à parede.
O PS que parece ser o verdadeiro perdedor por não conseguir
ganhar as eleições, apresenta-se agora como um vencedor, podendo ser uma solução
com chicanes quer à esquerda quer à direita, dando a possibilidade de António
Costa se manter líder, evitando a implosão do partido por dentro ou ser um novo
PASOK.
O PAF (PSD/CDS) que afinal ganhou as eleições sem a maioria necessária
para governar, a ceder ao PS em coisas inimagináveis só para se manter no poder.
E com isto tudo no que ficamos?
Sejam quais forem as políticas e os partidos que vierem nada
será fácil, porque o País está estrangulado.
Uma divida impagável, com os salários miseráveis, com fome,
emigração, sem tecido produtivo e sem politicas que fomentem a recuperação económica,
nenhuma politica nos salvará. O pior é que estão convencidos que as coisas vão
melhorar.
Resta-nos sermos governados por gente consciente e que
entenda que o pouco que temos, terá que ser bem repartido senão as injustiças
irão fazer com que as revoltas cada vez se agigantem mais e se caminhe para o caos.
Mas como saímos deste lodaçal?
Teremos governo já, ou ainda vai demorar?
E Cavaco que vai fazer?
E os partidos como se entendem afinal?
Estas são as dúvidas!
As pressões vão começar, primeiro pelo comentadores do
sistema que não admitem coisas inimagináveis. Depois a reação dos mercados a
querer dar razão às políticas austeras para o povo e depois será Cavaco Silva.
Esse é o mistério!
Apesar de já se saber para que lado se inclina, ao convidar
Passos Coelho a diligenciar junto do PS para que se crie um governo estável, o
que ninguém estava era a contar com a atitude dos comunistas, arrastando os
bloquistas para um entendimento que estes sempre almejaram.
Criou-se um estado de imobilidade que ninguém sabe neste
momento o que vai sair daqui.
Estando os partidos conscientes de que já nada pode ser como
dantes e com um desalento geral contra os partidos, é necessário mudar de
atitude, caso contrário tudo pode mudar correndo mesmo alguns o risco da exclusão
de cena.
Mas o entendimento vai demorar e mesmo que se queiram
entender à esquerda vamos ter que contar com a reação do Presidente da República
que pode ter relutância em empossar gente que não comunga dos mesmos princípios
e arranjar maneira de manter este governo em gestão até novas eleições para
evitar uma guinada à esquerda. Neste momento todos os argumentos valerão para
evitar a viragem.
As coisas podem arrastar-se e fragilizar o País com a pressão
dos mercados.
Tudo vai valer para evitar isso e no fim quem vai perder é o
povo.
Cavaco pode empurrar o País para uma situação tumultuosa,
misturando Presidenciais com Legislativas. Os partidos vão batalhar forte e
feio obrigando a negociações e tudo se tornará muito difícil para nós.
Seja como for, nada mais vai ser como dantes.