sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

POLÍCIAS E SINDICALISMO - COMO RESISTIR?


Nenhum sistema político sobrevive a uma crise financeira.

Fixem isto! Falamos desta democracia!

A crise financeira actual será a maior de que há memória.

Partindo desta premissa deve-se olhar com objectividade, lucidez e rapidez de raciocínio.

Não mais se pode andar como se andou até aqui, a correr atrás das perdas dos direitos conseguidos.

Urge tomar medidas sagazes e tentar antecipar os ataques às conquistas ao longo dos últimos tempos, pois o momento é de perdas severas e se não souberem antecipar-se a essas manobras dos políticos que com o pretexto da crise, nos querem sugar mais direitos que são conquistas civilizacionais.

A crise não é nossa! Mas sim do sistema financeiro, que construiu um mundo desigual com base na expectativa do lucro desenfreado, que deu maus resultados e está prestes a ruir e que a nós nos querem fazer pagar.

Esta é a questão fulcral do sistema, mas a nossa principal razão é resistir a este ataque aos direitos laborais, que ao longo de décadas custou a conquistar.

Por essa razão há que ser expeditos e encontrar várias formas de luta, apostando na antecipação aos ataques a conta gotas e alternados aos direitos laborais de vária ordem.

Na Polícia a recente revisão do Estatuto Profissional da PSP, é a prova mais que evidente que estas formas de luta levadas a cabo, já pouco efeito surtem nos seus moldes, que é necessário rever.

À medida que a crise se agrava, paulatinamente vamos perdendo conquistas quer salariais quer laborais.

O agora já encapotado corte de ¼ dos bilhetes da C.P. amputando a sua mobilidade nos transportes e a anunciada extinção do SAD/PSP, é mais uma perda incomensurável e hedionda, inadmissível para polícias que contam com a especificidade da missão, e em sua compensação têm que usufruir de serviços de saúde mais céleres devido à necessidade de maior prontidão para o serviço, mas também pelo seu desgaste rápido provocado pelos turnos de serviço permanentemente rotativos.
Mas isso, ninguém os entende, o que é não ter horas para dormir, sofrer de múltiplas doenças derivadas da profissão e do desgaste profissional que os leva a morrer em média 11 anos mais cedo. Muitas vezes antes da reforma e com a situação a agravar-se cada vez mais.

E eles respondem assim com ataques aos seus direitos e necessidades.

Com o argumento de que não há dinheiro, acaba-se com a SAD empurrando os polícias para o Serviço Nacional de Saúde, provocando desta forma a necessidade de subscrição de seguros de saúde, agravando ainda mais as finanças dos Polícias, para já não falar nos subsídios de natal, férias, ou cortes em educação, etc.

Por isso mesmo e enquanto é tempo exige-se fazer algo em grande, tal é a grandeza dessa perda.

Por esta razão, agora e mais que nunca devem os Polícias estar unidos num único sentido, e todos eles mobilizados, quer sejam do sindicato A, B ou C, ou mesmo aqueles que já à margem dos sindicatos se organizam em protestos, e conquistar estes e aqueles mais cépticos convencendo-os que é preciso resistir de forma organizada a tamanha destruição dos seus direitos.

Mobilizando toda esta gente para um bem comum e num esforço colectivo, ponham os vossos caprichos de lado e o vosso egocentrismo e procurem mobilizar-se toda mas toda a gente, pois são bem grandes as razões que os assistem.

Desafie-se os outros sindicatos. Através da Comissão Coordenadora, mobilizem-se as outras forças.

E porque não os militares, com cujas associações profissionais deve existir uma estreita colaboração e entendimento, e que seja dado um impulso a um maior reconhecimento às justas reivindicações, que são de certo modo transversais a todas estas fardas.

As Forças Armadas, são o garante da nação, e a sua descaracterização, através dos cortes no Orçamento, provoca aos poucos o seu desaparecimento, como se extinguissem um qualquer outro serviço público, acorrentando ao exterior a nossa própria soberania.

Todos unidos numa bem orquestrada iniciativa, fariam eco nos políticos que nos governam, na sociedade, nos média e porventura internacionalmente, como que um grito de alerta nos vários sentidos que todos saberiam interpretar.

Numa iniciativa bem pensada, bem planeada e bem executada, mostrariam aos governantes e aos cidadãos, que contassem com todos eles para resistir e para lutar pelo que lhes pertence e querem tirar.

Através de jornadas de reflexão a realizar nas Unidades e vários Comandos, com vista a esclarecer e cimentar uma união em torno das suas preocupações no sentido de todos juntos tornarem possíveis as justas reivindicações.

À semelhança dos Sindicatos de Polícia da Grécia, devem mostrar junto das populações que estão solidários com eles, no momento de receber o vencimento, porque a luta não é desigual, não descorando é claro função que desempenham com elevado profissionalismo, apesar das condições a que são votados.

Os Polícias, como em Itália devem ganhar o apoio da população, fazendo esforços para que os entendam nas suas limitações e necessidades que são enormemente desproporcionadas.

E porque os tempos são de dificuldades arregacem as mangas e pensem em fazer algo em grande deixando de correr atrás do perdido, porque este é o momento de fazer atalhos.

Se não fizerem nada, outros atrás de vós virão que nos poderão aprisionar a alma e a vida.

Chegou o momento de fazerem parte da mudança e contrariar a história.

“Sonhar com o impossível é o primeiro passo para tornar-se possível”

“Aquele que não prevê coisas longínquas expõe-se a desgraças próximas”

Confúcio.


Relembro: Nenhum sistema político sobrevive a uma crise financeira.

Comecem a preparar o futuro!