terça-feira, 19 de agosto de 2008

Aqui estou eu

Um comboio que passa
mais um carro que vem
aqui estou eu pasmado
sem ver mais ninguém,
o farol a piscar e o mar é além
e aqui estou eu pasmado
a guardar sabem quem?
os que temem a guerra
que a tantos convêm!
e aqui estou eu pasmado
a esperar quem não vem
estou à espera da hora
pois não vem mais ninguém
mas quem há-de vir agora?
por fim vem alguém!
Vem a chuva...que cai
e cai sobre quem?
deste guarda pasmado
a guardar não sei quem
há momentos que doem
como este que se tem
profissão mais ingrata
é de quem é de quem?
desgraçado do guarda
nem a todos diz bem
os trabalhos que passa
mas por causa de quem?
dos que temem a guerra
que a tantos convém
e aqui estou eu pasmado
a guardar não sei quem
ai o tempo não passa
mais um carro que vem
vem agora a criada
haja alguém haja alguém
a chamar-me para casa
obrigada eu estou bem
a chuva já pára
de molhar sabem quem?
o pobre do guarda
é a vida que tem
aqui estou eu especado
vejam bem vejam bem
os trabalhos que passa
pra guardar sabem quem?
Os que temem a guerra
Que a tantos convém

Este poema foi por mim escrito na altura que decorria a guerra do golfo, em que eu me encontrava a fazer segurança a uma entidade importante e que corria o risco de sofrer algum atentando em consequência dessa guerra.
O tema continua actual porque a guerra por lá continua, correndo agora o risco de se alastrar com a guerra que se adivinha por parte dos EUA ao Irão e assim envolver outros países pelo mundo inteiro.
Isto é preocupante porque o pretexto de fazer a guerra é a hipotética arma nuclear que se prepara para ter o Irão, que realmente é assustador.
Por detrás disso tudo e a pretexto de evitar que um Irão possa ameaçar a humanidade, vai-se fazer uma guerra preventiva, que ao alastrar-se a outros pontos pode empurrar o mundo para uma agonia profunda levando a humanidade a sofrer um revés em termos civilizacionais.
Tudo isto me parece a pretexto de salvar um modelo económico esgotado e que a toda força se tenta salvar da asfixia que nos empurrará mais cedo ou mais tarde para uma recessão mundial sem precedentes e empurrará a humanidade para um novo ciclo conjuntural na sua história, que é inevitável, e assim marcará a evolução da humanidade para uma sociedade mais justa e solidária.
Pena é que para evitar a todo o custo que isto aconteça se façam guerras para forçar a recuperação económica de um modelo já de si moribundo com tantas desigualdades entre pólos. O mundo cresceu desigual, vimos aparecer países ricos e países cada vez mais pobres. E quem detém o poder nestes países? Os grandes grupos económicos que são mais poderosos que qualquer país e colocam nos tentáculos do poder os seus interesses.
E quais são os seus interesses? É manter este status, este modelo económico e social, que está a ruir e pura e simplesmente se mantém com o recurso ás guerras.
É assim que se relança e economia sempre que se entra em recessão. As recessões sucedem-se e eles a todo o custo tentam manter a economia á conta da fragilidade dos mais fracos e levando à corrida ao armamento e á retoma da economia nem que seja à custa da industria do armamento e das guerras.
Mas quantos inocentes sofrem com isto.
Vejamos o Iraque que é a prova disso.
Na altura da 1ª guerra ao Iraque eu fiz este poema, que me parece bem actual, DOS QUE FAZEM A GUERRA PORQUE LHES CONVÉM. SÓ QUE DESTA VEZ ESTA GUERRA PODE DESCAMBAR PARA UMA CATÁSTROFE MUNDIAL E ELIMINAR CERCA DE DOIS TERÇOS DA HUMANIDADE, ENTRE OUTRAS COISAS, COMO CATÁSTROFES ECOLÓGICAS.
O FUTURO É DIFÍCIL ESTE MODELO ESTÁ CONDENADO NO MEU VER, MAS OS SENHORES DA GUERRA TERÃO ELES AUTORIDADE PRA FAZER UMA GUERRA A PRETEXTO DE SALVAR OS SEUS “BOLSOS”?
PREFIRO PASSAR FOME E DIFICULDADES A MORRER ASFIXIADO POR UMA BOMBA, SEJA ELA ATÓMICA QUÍMICA OU BIOLÓGICA, A PRETEXTO DE SALVAR UMA ECONOMIA MORIBUNDA.
O MUNDO HÁ-DE AVANÇAR APESAR DESTE PEQUENO RECUO, MAS NÃO NOS EMPURREM QUASE PARA A IDADE DAS TREVAS.
Muito poderia eu dizer mas fica este poema e o meu comentário.
Ah! o mundo prepara-se pra nova recessão e ainda mal saímos desta, dizem que a guerra ao Irão se prepara (pelo menos em Israel/EUA)
e que a Al Queda está a reorganizar-se. Pois!!!
Queira Deus que eu me engane!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

RÚSSIA E GEO-ESTRATÉGIA MUNDIAL

Quando o império russo (URSS) se desmoronou, a Rússia foi tratada com desdém, principalmente pelos EUA, que começaram a fomentar o alargamento da NATO à sua volta, por forma a humilha-la e isola-la, com a Europa a seguir-lhe na sua concordância.
Nessa fase os Russos passaram por grande humilhação. A queda do muro de Berlim o desmoronamento da URSS e o declínio do Pacto de Varsóvia, mas pior ainda, o choque que sentiram confrontados com o mundo ocidental e a fome com toda essa mudança, com 40% da população, nessa altura a viver abaixo da linha da pobreza.
Envergonhados e achincalhados, aos poucos foram-se erguendo. Hoje a Rússia levanta-se, recupera alguma industria de que era pioneira (armamento, aviação etc), claro que com muito para desenvolver. A pobreza da população deixou de ser tão acentuada.
Hoje em dia a Rússia é dos três países do mundo com mais divisas externas, a par da China e do Japão (dólares e Euros) e tem recursos, de que a Europa precisa, “como do pão para a boca” (petróleo, gás natural).
Este “perdedor” da Guerra Fria, prepara-se para a vingança. Putin disse-o bem em Portugal, aquando da Cimeira em Mafra, expressando que o pior ainda estava para vir, referindo-se às pretensões da NATO, ao querer instalar mísseis à sua volta.
Uma espécie de provocação e ameaça hegemónica mundial, criando em seu redor um escudo de mísseis por parte dos EUA/NATO, querendo enclausurar humilhantemente um povo orgulhoso que o é na sua história.
A não negociação com a Rússia das novas pretensões da NATO, cegas e provocadoras aquela nação, foi mais um revés.
Por tudo isto a Rússia vai querer mostrar-se novamente, com mais potencial sobretudo sobre a Europa, que vagarosamente repara que o xadrez mundial está a mudar e os EUA, já não mandam conforme ainda teimam, no mundo.
Já adivinhavam e temiam um novo desenho ou nova ordem mundial tanto geopolítica, como económica, por isso se anteciparam a ir para a guerra no Iraque para tentar ter o controlo do petróleo que começava a escassear.
Com o tempo os Americanos perdem o Médio Oriente. Temo é que a Europa sem recursos, se perca a si mesma, ao ter apoiado essa aventura.
“Esse animal ferido” ainda vai querer ajustar contas, do alargamento provocatório às suas portas e que pode sair caro também à Europa.
Os Russos, ganham vantagem com o domínio estratégico, aos poucos da região asiática. Uma relação cada vez mais estreita com a China e os países árabes, incluindo o Irão claro! O maior inimigo do Ocidente.
Têm os oleodutos, gasodutos para a Europa e um potencial de desenvolvimento industrial e agrícola, e têm reservas monetárias, bem como metais, o ouro etc.
Portanto um manancial de vantagens, sobre qualquer país desenvolvido a braços com a crise económica que nos vai definhando aos poucos e não vai parar.
Por tudo isto era necessária uma política europeia mais coerente e lúcida, com o vizinho do lado, “esse animal ferido que um dia vai mostrar as suas garras”.
A recente e iniciada intervenção na Geórgia é a prova disso, que já tinha escrito antes e me preparava para publicar aqui. As teimosias do alargamento da NATO à Geórgia e as manobras conjuntas com os Americanos, foi mais um rastilho no pretexto da Ossétia e Abcássia. Os pretextos separatistas parecem-me irrelevantes ao olhar para o mapa. Estratégias de parte a parte e o resto… acho que já disse.