segunda-feira, 27 de julho de 2009

Mercados e bolsas-calma ainda não é o inferno

No artigo anterior falei sobre a descida ao inferno, mas depois fiquei a pensar que quem porventura possa ler o artigo, fique a apensar que me enganei na minha análise.
Daí sentir a necessidade do reparo.
Primeiro temos que contar com o factor tempo e depois não misturar pensamentos e análises, com previsões.
Posto este reparo passo a explicar:
-O tempo que refiro no artigo é a longo tempo, ou seja um tempo mais alargado. Como as pessoas normalmente só guardam na memória as coisas durante uns seis meses e depois esquecem. A gente vê isso nos políticos, passado uns tempos já ninguém se lembra do mal que fizeram e voltam a votar e a acreditar neles. Daí que aqui eu não queira passar pelo mesmo, isto é, que daqui a seis meses ou coisa parecida digam que eu estava enganado e daqui a uns anos já ninguém se lembre de mim.
Sendo assim o que conta é o que se espera a curto prazo e como a maioria das pessoas vivem o momento esquecendo facilmente o futuro mais longínquo mas que é importante.
Sendo assim quero aqui fazer esse alerta, para que daqui a uns seis meses não pensem que eu estava enganado. Até poderei estar, mas pelo menos faço aqui essa correcção ao pensamento que possam ter.
Quando eu refiro a descida ao inferno não é a pensar que é daqui a pouco tempo, é um período mais alargado (uns anitos).
Mas se formos fazer previsões e aí é de uma outra forma que já deve ser bem conhecido. Aí sim o resultado a curto prazo é outro, aí para a tal memória que se esvazia nuns seis meses eu digo, que a bolsa vai fazer uma correcção como é normal que assim seja, por alguma razão ligada à economia que se reflecte nas bolsas e depois vai continuar a subir. Os primeiros obstáculos estão ultrapassados, agora começa-se a caminhar na direcção correcta e como que a estruturar-se a economia para futuro de forma definitiva. Daí que se anuncie um período de serenidade e equilíbrio. Portanto sente-se aqui um sabor a vitória nesta crise que surgiu. Mas daqui a uns bons meses falaremos sobre isso a ver quanto tempo a subida dura e nunca se esqueçam que na bolsa tem que se ter sempre em conta na análise técnica, a questão temporal. Mas aqui não se trata de análise técnica é outro tipo de análise, esta sim mais espiritual a tal previsão que às vezes faço, só que aqui tocada ao de leve para não maçar.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Mercados Accionistas e o Inferno

É sabido que os mercados tiveram uma ligeira recuperação nos seus índices.
Desde que se falou nas possíveis recuperações de mercados com a expectativa que a crise já estaria a passar, depois da sangria principalmente no sector bancário e com a injecção de capital por parte dos Bancos Centrais e de descobertos alguns dos seus autores, julga-se que o mal já lá vai e que a economia pode recuperar.
Normalmente é assim e no tal relógio do tempo marcado pelos mercados accionistas, está na hora de saltar das posições defensivas, essencialmente Obrigações e entrar novamente nas Acções, mais ofensivas. É assim que funciona o Mercado, com pequenas recessões e seguidas de recuperações.
Espera-se que assim seja novamente, por isso já se aposta na recuperação e os mais astutos já a anteciparam com o mercado a subir nos últimos meses e recuperando de níveis historicamente baixos, levando a crer que esta é uma grande oportunidade e assim recupere a economia e quem antecipou a recuperação real, terá chorudos lucros bolsistas.
A aposta na subida bolsista faz-se entre um ano a seis meses antes da verdadeira recuperação económica, daí que por exemplo o PSI 20 depois de ter sofrido uma quebra de cerca de 40% do seu valor (com a crise), já tenha recuperado parte das perdas, apostados que estão os investidores na sua valorização.
Mas será que estão criados os pressupostos? Será um bom momento de entrada no mercado?
Podem estar verdadeiramente errados, tão só os investidores como os governantes de vários países, bem como FMI, Banco Mundial, etc.
A deflação está aí, as matérias primas a descer drasticamente, mas isso é tema para outras conversas, entre outras coisas.Para definirmos o “ target Potencial” de subida é necessário analisar gráficos nos seus vários vectores.
Mas não vamos por aí, porque deste tipo de análises técnicas há tanto quem as faça e basta procurar que há muito onde escolher.
A análise de mercados bolsistas através dos seus gráficos tem uma forma lógica e a análise é técnica e previsível, mas não pensemos que seja assim tanto! Senão era uma alegria, mas sobre isso falarei mais à frente.
Quantas vezes o mundo se deparou com o inesperado quantas vezes os senhores da análise e da lógica se enganaram?
Se as coisas fossem sempre feitas de forma lógica e se acontecessem como se esperava, qualquer um conseguia mudar o curso da Humanidade e da História, ou então tudo era previsível.
Mas não foi assim que aconteceu ao longo da existência do mundo, o inesperado sempre foi surgindo e assim a história tramou muita gente.
Desta feita é de suspeitar que algo nesta altura vá contra a lógica e o previsível.
Daí que o mundo devia estar preparado para que algo nesta altura pudesse fugir à lógica e contasse com o inesperado.
É isto que ninguém fala e eu aqui ouso falar contra a lógica e contra todos.
E como prometido que falaria depois, termino este artigo falando sobre a tal análise técnica. É certo que as bolsas estão a recupera e pode andar assim durante algum tempo, até cumprir as tais ondas da análise técnica e à espera de dados económicos mais fiáveis, mas pode ser apenas o “ultimo canto do cisne” desde há muito se fala na socapa de que falta uma ultima grande onda correctiva e essa sim, quando acontecer será a verdadeira descida ao inferno.
Uma coisa é certa, as encomendas à industria continuam a cair, assim como as trocas comerciais mundiais. O despedimento de trabalhadores não cessa, o não investimento na modernização e equipamentos para a industria parou, as encomendas à industria continuam assim a baixar, logo os lucros nesta fase que vivemos são bons e alguns até disparam à custa destes factores. Há ainda a componente dos analistas que sendo as expectativas baixas, as empresas ao efectuarem estes cortes logo conseguem os tais bons resultados e superando desta forma as expectativas de mercado, fazendo acreditar numa recuperação levando os mercados bolsistas a subir na expectativa.
Um mero erro de análise quando o desemprego continua a flagelar tanta gente cada vez mais desesperada, levando daqui amanhã a autênticas políticas proteccionista de trabalho em cada país para tentar salvar mais desemprego, que cada vez é mais inevitável.
É engraçado ver os lucros de algumas empresas a subir e as vendas e produção diminuir, é fantástico a engenharia destas empresas.
O FMI reviu em alta o crescimento da economia mundial, vamos ver por quanto tempo voltam a estar enganados? Talvez um ano se tal.
Tudo isto é possível mas não quero que com este texto, fique a pensar que vêm aí o fim do mundo.


"Estar-se desempregado durante semanas já é mau quanto baste; durante meses ou anos é bem pior. No entanto, é exactamente o que vai acontecer a milhões de norte-americanos se a média das previsões estiver certa"
Paul Krugman, Prémio Nobel de Economia, "i", 17/7/2009