sexta-feira, 10 de maio de 2013

SOMOS TODOS CRIMINOSOS


Correu mundo, a notícia sobre o casal que morreu abraçado no acidente da fábrica de roupas no Bangladesh. Assim como a mulher encontrada ainda viva entre os escombros ao fim de 17 dias.
Tudo isto foi consternante, a tragédia do prédio feito em cinco fábricas, com cerca de 3.000 desgraçados lá dentro, na esmagadora maioria mulheres, que desabou após vários avisos, do risco de ruir que corria.
Matou mais de um milhar de pessoas, e fez mais de 2.400 feridos.
Que horror.
Uma tragédia sem igual em pleno século XXI.
Mas vergonhoso, não foi as mortes sentidas em cada família e na cidade de Daca. Vergonhoso é, as pessoas que sem pudor, se aproveitam da pobreza daquele povo que a soldo de míseros salários (os mais baixos do mundo), são explorados e sujeitos a condições desumanas e inimagináveis para a maioria de nós.
São criminosos, as autoridades daquele país ao permitirem que patrões sem escrúpulos explorem criminosamente aquela gente que sem qualquer outra alternativa são enlatados em pretensas fábricas e escravizados por horas infindáveis diariamente, suportando pressões laborais inaceitáveis nos nossos tempos.
São criminosos os governantes de países ditos desenvolvidos que permitem que se importem produtos ao preço da “uva mijona” com lucros quintuplicados ao quadrado.

São criminosos os empresários que se aproveitam dessa precariedade e se instalam nesses países, como é o caso de empresas que subcontratam o fabrico a criminosos empresários locais, daquelas marcas de roupa como a britânica PRIMARK, ou a espanhola MANGO, entre tantas outras, sem se importarem com mais nada a não ser o chorudo e criminoso lucro.
Claro que os responsáveis, dizem já estar presos e as marcas para limpar a sua imagem de autenticas sanguessugas, vieram a terreiro prometer indemnizar aquelas vidas.
Com que dinheiro?
A preço de uns trocados, que é tanto como o punhado de nada nos lucros infindáveis dessas criminosas multimilionárias marcas, para quem uma vida pouco ou nada vale. E as dores das famílias? Quem vai pagar isso? 
Umas patacas aos pais ou aos filhos soçobrados, que continuarão a amamentar chorudos e criminosos multimilionários que tão pouco se estão importando para esses crimes produzidos.
E nós criminosamente também e indiferentes a estas fábricas desumanas, vamos comprando roupas bonitas mais baratas ou mais caras, mas pouco nos importando da forma criminosa como foram feitas e entretanto apesar do choque da notícia, nem parámos para reflectir e perceber que também somos criminosos.
E esquecida a noticia tudo se passará como dantes e tudo retomará à normal criminalidade exploratória.
Pena é que a notícia de hoje nos jornais são os também já criminosos 310 euros de salário mensal praticados em Portugal.
Aos poucos e poucos criminosamente distraídos vamos permitindo que os nossos governantes tornem este país o Bangladesh da Europa. E aí sim, quando as notícias forem aqui entre nós, a dor será bem mais sofrida. Mas nunca será inocentada, aos olhos de quem não queira ver que tudo isto é crime. Desde uma ponta à outra,  é sempre criminoso ver exploração. Mesmo só de uma pessoa que fosse.
    

quinta-feira, 9 de maio de 2013

BARALHAR, PARTIR E DAR


Ou melhor, confundir espartilhar e tirar.
Após a nega do Tribunal Constitucional, o Governo anunciou que iria tomar medidas para compensar o chumbo da segunda  afronta contra a lei fundamental.
Livramo-nos do roubo dos subsídios de férias, pago no natal, mas não nos livramos de outras medidas, bem mais severas.
Como diz o ditado “venha o diabo e escolha”.
Depois da teimosia do funcionário da Goldman Sachs e Ministro de Estado, Vitor Gaspar, o tal que transpirava alegria no dia da ida aos mercados, tal era o seu regozijo com o sucesso da venda  da divida portuguesa. O tal sucesso da procura mesmo a juros tão elevados, não houvesse uma mãozinha a segurar o “cuzinho do menino”  caso ele pudesse cair.
Isto é, deram-lhe um andarilho e ele até já se julga capaz de correr. Tanto é que na União Europeia já falava de direitos sociais, como se não fosse o que ele mais tem feito ao serviço dos seus patrões invisíveis, apesar de sermos nós a pagar-lhe, ainda por cima para destruir o Estado Social.
Mas pronto, a ideia deste assunto era outro.
Embaralhar, partir e dar.
Após apresentação das novas medidas do Governo, o Ministro de Estado engalfinhou-se com o outro Ministro de Estado.
Sem sentido de estado, estrategicamente bem colocado, Paulo Portas, sem precisar de andarilho já, pois tem tarimba e astúcia q.b. recusa-se a comer a papa. A mamã aos saltos e a Passos de Coelho, ora se vira para um lado ora para outro e sem saber que fazer, lá vai dando “uma no cravo outra na ferradura,”deixando correr o menino no andarilho e aceitando que o outro menino faça birra com a papa e feito uma barata tonta nem se impõe a um e deixa-se levar pelo outro.
Como que a jogar por baixo da mesa, todos fazem batota, neste embaralhar, trair e roubar os portugueses em que Passos continua apostado, em destruir o Estado, quer seja social, quer seja nas meras funções elementares, entregando tudo ao privado, de forma limpinha e “sem espinhas” conforme está mais uma vez a fazer agora com os CTT, despedindo os seus funcionários.
Só após derreter tudo sairá do governo, não se importando com eleições e popularidades, garantido que terá o seu lugar ao sol no privado de onde veio e para onde caminhará juntamente com Gaspar, em qualquer lugar cimeiro como prémio de consolação, pelo trabalho sujo, digo feito.
Quanto a Portas continua apostado em “brincar às escondidas”, ora se esconde ora aparece, mas sempre com vontade de “jogar ao livra” e fugir, para mais tarde se livrar num próximo governo, enquanto seus pares jogam à "cabra cega", como criancinhas sem saber o que é a vida de tanto desempregado que clamam pão na mesa.
No meio disto tudo, a minha preocupação é só uma, após já ter deixado de acreditar quer num quer noutro o meu problema agora é a baralhação que vai na minha cabeça.
Mas afinal, que é que esta gente vai fazer?
Que vão tirar já o sei! Mas a dada altura já não sei se vão tirar nos tais 10% das reformas, se vão tirar dias de férias, se vão aumentar a carga horária para 40 horas semanais, se vão aumentar os despedimentos na função pública, se vão alterar as regras de aposentação, se as reformas vão para os 66 anos, se ainda vão mexer no que afinal já não mexiam, que era o tal subsídio de férias e desemprego.
Estou completamente baralhado e sinceramente já não sei o que querem fazer, com esta baralhação, entre o que Portas diz que não quer, o que o Passos Coelho diz que vai ser e o que outros ministros e secretários de estado dizem que tem que ser, não sei o que é e o que não é, porque ora é ora não é.
Para mim já é tudo e já não sei de nada.
Mas uma coisa sei, é que com isto tudo nos querem baralhar e assim tudo será mais fácil ser aquilo que dizem que já não vai ser!