domingo, 17 de fevereiro de 2013

JÁ PEDIU A SUA FATURA?



Primeiro era o regabofe, enquanto havia dinheiro a rodo para os proveitosos negócios e ordenados chorudos do tempo das vacas gordas da politica, em que ignominiosamente se fez fortuna, e a troco disso se permitiu que uns quantos pacóvios tirassem alguns proveitos nos negócios, do tipo um café em cada esquina, sem grande controlo fiscal numa autentica pândega com as migalhas que sobravam da mesa dos banqueteados negócios e esquemas dos novos endinheirados. 

Agora lembra-me os tempos idos da história. Quando o confisco real e feudal espalhava o terror pelas terras e  aparecia recolhendo os bens produzidos pelos pobres vassalos, deixando-os à mercê da miséria, sem nada para tragar. 

Agora estes são novamente os tempos do terror fiscal, em que o Estado depois de ter tirado os direitos sociais, destruído o trabalho e oferecendo ordenados de miséria acaba de nos confiscar os últimos dízimos que nos restam na algibeira tornando-nos novamente servos neste modelo económico neoliberal.

Bufos uns dos outros na simples toma de um café, em que muitos invejosamente ou iludidos com um beneficio fiscal paupérrimo, nos tornamos reféns de um controle de todas as nossas vidas em que o fisco saberá bem observar pela vezes que ainda alguns vão de férias, ao restaurante ao cabeleireiro ou sei lá que mais, que além de poder controlar as nossas vidas saberão avaliar onde poderão confiscar mais uns cobres daqueles que ou ingenuamente ou teimosamente ainda tentam fintar a penúria das suas vidas diárias.
É altamente pernicioso este esclavagismo social e nós cabisbaixos escondendo e tentando fintar a pelintrice, como que acreditando em falsas promessas de dias melhores, cerramos os dentes, encomendamos um sorriso, fintando a realidade que se anuncia na próxima factura das novas medidas de austeridade.

Consciente desta sôfrega realidade, eu queria era que os bancos passassem facturas dos chorudos lucros com os juros da prestação da casa ou das usurárias taxas aplicadas a quem usa o Cartão de Crédito para pagar no supermercado a fome que se avulta silenciosamente. Mas para estes não há factura!
Talvez seja mesmo só pela perda de tempo do funcionário bancário prestes a despedir, ou pela tinta ou papel gastos na referida factura e chuta-se os fiscais das finanças que passamos a ser nós, para fiscalizar os galões e as sandes que sorvemos a correr para fintar a fome no café ao lado do trabalho, que não sabe se abra ou feche de vez. Ou no mecânico que já faz biscates de mudanças de óleo na garagem improvisada porque a oficina já o era e agora se ocupa da horta nas horas vagas. Talvez fiscalizemos o barbeiro lá do bairro, o sapateiro do quiosque da estação, já velhotes absorvidos naquela imensidão de tempo em que a cliente vasculha o número de contribuinte e o ajuda na forma de passar a complicada factura dos simples cordões de 50 cêntimos provavelmente chineses, livres de impostos e mais baratos ainda que o custo da factura, dos atacadores que acaba de vender à vizinha desempregada que precisa de uns novos para os sapatos que vai juntar ao fato que lhe emprestaram para a entrevista do novo emprego de balconista, onde lhe prometem 300 euros mais comissões de 1 por mil euros nas vendas das roupas que já ninguém tem dinheiro para comprar.
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É sabido que este modelo de confisco usado, além de nos estar a levar à miséria está debilitar toda uma economia moderna, empurrando-nos novamente para os primórdios da humanidade, em que as trocas directas dos produtos, era a forma encontrada. É assim que estamos prestes a chegar, sem trabalho, com um controlo fiscal, uma exigência declarativa de tudo que brilha e mexe, a economia definha e é chegado um tempo em que não nos reste um tostão para gastar nem um botão para declarar.
Será que o fiscal das finanças nos vem bater à porta para nos confiscar as galinhas ou os tomates do quintal? É isto que nos espera, uma economia bloqueada e paralela que nos levará à troca por troca, à caridade e à fuga ao fisco, onde já nem uma dúzia de ovos podemos vender sem pagar imposto!
Mas ninguém enxerga isto?

E quanto ao fiscal das finanças se à saída do café lhe pedir a factura, diga-lhe que foi ao wc e a usou porque já nem havia papel higiénico, mas que dá sempre o número de contribuinte e que os 0,05 cêntimos declarados ao fisco para IRS por café ao longo do ano, sempre dará pelo menos um euro de reembolso. Uma fortuna, nos tempos que correm. Quase ao nível de uma conta offshore dos banqueiros da nossa praça. Quase tapa o buraco do BPN.
Como diz o José Viegas, faça-lhes o manguito, já que ele os manda tomar "nucu".
Mas pronto se quiser ir mais longe torne-se bufo, vá ao site das finanças e denuncie ali quem não declarar as facturas para   IVA/IRS. Acho que também dá prémio. Sempre dará para um rebuçado.