domingo, 24 de março de 2013

O CHIPRE ABRIU A CAIXA DE PANDORA


reparem o mapa, os Gregos já nada podem 
Com as negociações a decorrerem entre o Chipre e a União Europeia, parece que vai vingar a lei do mais forte.
Aquela pequena ilha que funciona como uma espécie de offshore dentro da própria Europa, acaba por sair derrotada. Mas não pense a TROIKA naquele país que a Europa não sofre com isso.
Os ingleses esses já estão a salvo, que o seu governo já prometeu compensar os prejuízos dos seus compatriotas com depósitos no Chipre.
De resto fica tudo a perder. Fica a perder o Chipre, que vai assistir ao esvaziamento de dinheiro dos seus bancos, conforme aconteceu com a Grécia, em que os gregos correram a sacar o seu dinheiro dos bancos desconfiando das medidas da Troika e das politicas dos seus governos, e com isto sempre que se injectava dinheiro ali ele desaparecia como fumaça.
No Chipre vai ser pior ainda, porque a economia assenta no sistema bancário.
Se aqui, na Grécia e em Espanha o desemprego disparou como sabemos, agora imaginem ali.
Vamos assistir à fuga de capitais em massa, zangados pela taxa que se adivinha em 20%, e do receio de novas taxas e da bancarrota. Os grandes bancos vão ameaçar falir, criando um mar de desempregados, com a instabilidade politica que irá acarretar.
Vai ser necessário a permanente recapitalização dos bancos com medidas de austeridade sobre as pessoas e vai continuar o dinheiro a desaparecer, só para provisionar o sistema bancário e vai faltar dinheiro para os governos salvarem o orçamento e restante economia.
Aquela ilha vai-se tornar um caos porque não vai sobrar dinheiro para se poder governar e cumprir os compromissos com os credores. O turismo irá ficar completamente aniquilado sem condições de poder funcionar e a instabilidade permanente a ajudar.
Quanto à Europa, vai continuar a fazer exigência que jamais poderão ser cumpridas, porque o dinheiro que para ali for enviado vai todo para o esgoto e se não enviarem vai na mesma a Europa e Chipre.
Se até aqui estávamos todos metidos num grande problema, a partir de agora o problema tornou-se bem mais sério. Os Cipriotas não negociaram a vendas das suas reservas com russos a troco de um empréstimo e daqui amanhã vão ter que acabar por entregar as reservas de gás, a ilha e o trabalho escravo baseado no turismo e pouco mais a um qualquer outro oportunista, que se espera não seja do circulo de amizades da Alemanha da Srª. Merkel.
Vai chegar a vez da União Europeia pagar! É que os russos tinham ameaçado que, se taxassem os depósitos naquela ilha eles irão reduzir a participação de Euros nas suas reservas, que é de 41% a 42%. E isto diz Medvedev, terá consequências imprevisíveis.
Os russos (maior país do mundo) são os principais depositantes no Chipre. Se eles decidirem mesmo livrar-se de parte das reservas de Euro, isso sim será imprevisível para a moeda europeia, porque ninguém a vai querer e vão livrar-se dos euros, quer seja países quer seja especuladores a empurrar ainda mais o Euro para baixo. O Euro poderá ficar nas ruas da amargura e tornar-se uma moeda malvada que ninguém quer ter na mão com sucessivas desvalorizações e em que nem esforços concertados dos vários bancos centrais como normalmente é feio vão conseguir segurar.
Pode ser mesmo uma tragédia para a nossa moeda, e quem o tem vai excomungá-lo. Não era esse o propósito dos americanos? Manter o Dólar como moeda de referência/padrão?
Quanto aos que forem acorrer sacar dinheiro dos bancos, (que já os há) com medo que lhe aconteça como no Chipre (serem taxados), não sei se será melhor assim! Olhar para um monte de notas debaixo do colchão, daqui a uns anos e saber que nada valem.
A igreja cipriota já disponibilizou os seus bens para ajudar o governo e aconselhou à saída do Euro. Mas quando virem os turcos invadirem e tomarem conta do Chipre, estejam atentos porque a grande guerra pode estar a começar.
Esperemos que isso ainda demore, era melhor  nunca acontecer, mas duvido.

quarta-feira, 6 de março de 2013

O DESCARAMENTO DE UNS INDIGNADOS



Que Portugal está em crise já todos sabemos. Claro que a maioria ignora a profundidade e a delonga desta crise, pois ela está no princípio vai ser profunda, vai durar décadas e trazer grandes transformações. Mas à medida que ela se tornar evidente os incautos e distraídos, sentirão o seu efeito no corpo e na alma.

Mas por falar em alma, já notei que os estados de alma de alguns instalados estão a mudar. Que o diga o Dr. Filipe Pinhal, que se tornou num indignado. Um indignado contra o sistema que o alimentou. Vejam bem!
Os ricos reformados a reclamarem de indignados. Qualquer dia ainda os vamos ver a reclamar contra os verdadeiros indignados, do tipo de; Associação dos indignados contra os indignados. Claro está, indignados ricos que perderam parte da sua insultuosa reforma, contra os pobres dos indignados já sem nada a perder.

É o mesmo para dizer que os nossos “ricos” reformados, perderam o decoro. Então não é que depois de tão gordos e vergonhosos ordenados, agora decidiram reclamar das suas chorudas reformas!
Sem ponta de vergonha, estes nababos exigem não contribuir para pagar a crise que eles cavaram, com todas as suas mordomias e seus bem proveitosos benefícios, orientando-se todos como insaciáveis e deixando o País numa profunda desgraça.
Não seria mais sério ser o Estado (que somos todos nós) a levar certos senhores a Tribunal e não o oposto?
Reais reformados que tomaram de assalto na sua etimologia social a palavra indignado, criaram o seu movimento. Claro está que eles não se misturam, pelas ruas da indignação com o povoléu, pois as palavras que por ali se aplicam podem-lhe soar mal aos ouvidos.
Apresentam-se como que imaculados, para que não restem dúvidas da seriedade deste movimento de Senhores.

Eles dizem que não é um movimento de contestação. Alto lá! Não há misturas com a populaça. Mas sim um movimento de defesa de direitos individuais. Quer-se dizer, de defesa das chorudas reformas, pois estes prestimosos senhores, depois de tanto terem contribuído para a sociedade, com os seus descontos dos seus insultuosos salários, não querem contribuir com parte do que sem pejo ganharam.
E se o Constitucional não lhes der razão eles avançam para os outros Tribunais, que nisto não há mistura pelas ruas, que Tribunais é para quem pode!
   
O ex-gestor do BCP, foi braço direito de Jardim Gonçalves que tem uma reforma de 167 mil euros mensais, que com ele foi julgado por vários ilícitos criminais, vem reclamar os 10% de TSU que lhe aplicam na sua reforma.
E diga-nos lá, quanto é a sua reforma?
70 mil euros!
Uma afronta a mais de 85% de reformados com pensões abaixo de 500 euros. A cerca de 180 mil jovens sem futuro, 40% entre os 15 e os 25 anos. A quase um milhão de desempregados, fora os não contabilizados que já desistiram de procurar emprego. Aos mais de 100 mil que tiveram que emigrar sem solução para as suas vidas num sistema que certos senhores construíram, serviram e se serviram. E já não falando dos mais de dois milhões de pobres.

Tenham um acto nobre, peguem nesses milhares de euros com que vão engordar mais um pouco algum advogado e apliquem-no numa instituição de solidariedade, antes que sejam “linchados” pela opinião pública.  


 Pondo de lado a razão, tenham mais dignidade e respeito pelas desgraças de tantos milhões de portugueses, mesmo que alguns envergonhadamente, ou distraidamente não se mostrem isso sim verdadeiramente indignados.  

sábado, 2 de março de 2013

João Salgueiro manda limpar matas


(filho Carlos)
-Pai, não quero estudar mais!

(pai Joaquim)
-Já não queres estudar? Pronto, então para saberes "o que é bom para a tosse", vais trabalhar, que foi aquilo que a mim me fizeram quando acabei a 4ª classe. Puseram-me a carregar baldes de massa nas obras e nem sequer protestei. Mas como agora não há trabalho na construção civil, vais limpar matas, que parece que há aí muitas matas para limpar.

(filho Carlos)
-Limpar matas?

(pai  Joaquim)
-Sim, ou julgas que vais arranjar trabalho atrás de algum escritório a tirar um bom ordenado quase sem saber ler nem escrever? Isso é para os ricos e para quem tem cunhas. E até calha bem que eu andava aflito para segurar o teu irmão na Universidade, ao preço que está a vida e principalmente as propinas. Ao menos ele ainda tem vontade de estudar.

(filho Carlos)
-E de que adiante tirar um curso, se não há emprego na área dele?

(pai Joaquim)
-Na área dele e nas outras, mas ao menos emigra e alivia-me as costas cá em casa. Sempre é menos uma boca para sustentar. Já basta a tua mãe ter perdido o emprego na fábrica, sem direito a nada.

E o diálogo podia continuar, mas ficamos por aqui.

Eu por mim mandava-o guardar cabras. Se calhar por saber que ser pastor ainda é mais duro, ou se calhar por achar que as cabras por lá naquelas matas sempre as desbastam um pouco, ou  para ironizar.

Pelos outros, ou pelo Dr. João Salgueiro, o ex-presidente da Associação Portuguesa de Bancos, aposentado com 14.352 euros, ministro das finanças no PSD antes da 2ª intervenção do FMI em Portugal nos anos 80, ainda professor na Universidade Nova e da Juventude Universitária Católica no tempo em que o Joaquim carregava baldes de massa a troco de umas “cascas de alho”, por não ter tido oportunidade de estudar. Por João Salgueiro, o Carlos e outros desempregados iam obrigados pelo Estado para as obras ou limpar matas.

Por isso é que o Joaquim queria ver os seus dois filhos com um curso superior, para não serem obrigados a emigrar, como fizeram os seus irmãos mais velhos que “a salto”, fugindo por carreiros escondidos com passadores, atravessando rios gelados, dormindo em currais furtivos até conseguir chegar a França, vivendo décadas em barracas, para conseguirem amealhar alguma coisa.

Mas não para os comentadores do sistema, para os que criaram toda esta situação, “nós, o povo” os desempregados que muitos deles “fizeram das tripas coração” para dar um futuro melhor aos seus filhos, pondo-os a estudar, agora todos eles quer sejam formados ou não, mas só porque estão desempregados devem ir limpar matas ou para a construção civil.

Sabe porventura o Sr. Dr. João Salgueiro, como se encontra a construção civil neste país?

Sabe que já há muito ultrapassou os 100 mil desempregados e que é o maior flagelo nacional?

Sabe que há mais de três falências por dia nas empresas de construção civil?

O senhor sabe o que anda a dizer?

O senhor manda os desempregados cuidar dos idosos?
Sabe que hoje na Manifestação contra a Troika e o governo, a grande maioria eram reformados que já quase não ganham para comer e que lhes foram miseravelmente ao bolso neste corte cego das reformas, quando eram eles que ajudavam os seus filhos e netos desempregados, neste flagelo nacional?

São estes reformados que vão pagar para cuidarem deles como o Sr. Dr. manda? 
Oh senhor Dr. são os idosos que ainda podem, que cuidam e alimentam os filhos e os netos, que a Segurança Social, já há muito se está a dissociar deste problema. 

Por um salário mínimo, o Sr. Dr. ía cuidar? Então de borla muito menos, o senhor que sempre foi tão bem pago!

Diga-me uma coisa! Tem assim tantos pinhais ou eucaliptais, na família?

Quer que lhe limpem as matas de graça, ou quer trabalho de escravo?

É que não percebi! Fala no tempo da 2ª Guerra Mundial, em que as pessoas trabalhavam com as mãos, não tarda muito e está a dizer que o Holocausto foi bom.

O Sr.Dr. que foi presidente da Associação Portuguesa de Bancos durante tantos anos, cargo tão distinto, que andou por lá a fazer?

Sabe bem que a Associação a que presidiu tinha um Banco chamado BPN, em que os seus ladrões lesaram os Portugueses em 7.000 milhões de euros estimados e para esses nunca teve uma palavra?

Sabe bem que do empréstimo que Portugal recebeu da Troika, 12.000 milhões foram para ajudar os bancos da Associação a que o Sr. Dr. presidiu, dinheiro esse mal aplicado em especulação bolsista e em negócios ruinosos, dos quais não temos culpa! Mas agora temos que pagar com “língua de palmo” e esses bancos a “cantar como a cigarra”, a receber empréstimos a juros baixíssimos do BCE para especular em Obrigações do mercado financeiro enquanto nós pagamos esses juros da Troika a preços altíssimos com o corte dos nossos ordenados e reformas?

Quem é que devia ir limpar matas, cuidar de idosos, carregar baldes de massa, com as mãos como no tempo da 2ª Guerra Mundial? Os desempregados ou os culpados pela crise? Os homens do seu tempo, que foram os culpados deste estado de coisas!

Sabe, o Sr. Dr., de certeza que não tem filhos nem netos formados à procura do 1º emprego, nem familiares desempregados e desesperados com o pagamento da renda, o pagamento da luz, da água, ou da comida que falta na mesa. Porque para pessoas assim que sempre se alimentaram do sistema, para eles há sempre um lugarzinho em qualquer lado, para se ganhar dinheiro.


Nós sabemos qual é o propósito!

É criar os novos escravos.