segunda-feira, 30 de setembro de 2013

PORTUGAL FASE 2, COMEÇOU

Amanhã será uma nova etapa da vida dos portugueses.
O reconhecimento, de que as pessoas estão a ficar fartas dos partidos do poder (arco da governação), que já o tinham expressado noutras eleições através do Bloco de Esquerda, mas agora a expressarem o seu desencanto nos candidatos independentes, esvaziando os Bloquistas e dando acima de tudo a vitória à abstenção, sinónimo de descrédito dos políticos.

A afirmação da CDU que encontrará mais legitimidade e apoio, na sua luta de contestação e que dificultará a vida ao Partido Socialista como alternativa ao governo. Portanto prevê-se endurecimento e legitimidade para a contestação através da CGTP. Isso fragilizará o governo, que saiu derrotado nestas eleições e com dificuldade em levar por diante as medidas de austeridade que agora se prepara para apresentar, após eleições, que serão sufocantes para os portugueses.
A nível nacional a situação politica irá degradar-se, sem saída para o governo e sem margem para Cavaco que astutamente já prevendo tais problemas apelou novamente ao entendimento de forma a segurar as politicas de austeridade do seu partido, agora sem força para as impor, tal será a contestação.
A par disto a Itália vai entrar num período conturbado com dificuldades em segurar o governo, correndo o risco de novas eleições. A crise que estava adormecida não Europa vai despertar novamente e alarmar a todos, esmagando os juros dos países do sul.
Os juros da dívida pública irão disparar, naquele país e Portugal que sexta fez uma correcção técnica até aos 6,7%, irá iniciar uma nova escalada de subida tornando insustentável a governação com juros muito acima dos 7% (de limite). Os mercados irão castigar mais a nossa dívida com a derrota eleitoral do governo, com os investidores a fugir da divida pública portuguesa, até porque agora se tornará mais certo um segundo resgate e perdão de parte da dívida.  
Portugal hoje deu mostras de se preparar para um período de uma enorme instabilidade politica sendo estas eleições um mau prenúncio.
Seguiremos mais ou menos o caminho da Grécia, mas aqui com os comunistas a sentirem-se legitimados para a contestação.  
Vamos ver se o governo quase já cadáver, chega ao Natal.
Portugal, fase dois, começou.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

VIVA ANGELA MERKEL, VIVA A ALEMANHA

Viva Merkel, que venceu pela 3ª vez as eleições na Alemanha.
É sem dúvidas uma excelente vitória, que já deixou lugar na história mas deixará mais ainda.
A Dona da Europa, fez uma campanha magistral, depois de ter governado de uma forma ainda mais soberba.
Mas permitam-me que acrescente a isto um calculismo metódico, frio, cínico e egoísta.
Sabendo que tinha que ganhar novamente as eleições veio impor à Europa rigor nas suas contas e contenção governativa, a custo de uma a austeridade aniquiladora de um progresso social, com trabalho e direitos destruídos, onde até parece que os cidadão são os culpados desta hemorragia que destruirá a democracia e minará a paz entre as pessoas.
Merkel com a sua atitude intransigente relativamente à Europa nas soluções mais solidárias, no que diz respeito a dívidas e deficits orçamentais, conseguiu ser reeleita pelo seu povo.
Então Merkel que nos agradeça!
Mas nem isso.
Com um discurso para os alemães, de que dívida é a mesma coisa que culpa e que culpa é sinónimo de viver acima das suas posses, os povos do Sul acabaram por eleger esta senhora.
Para os alemães, eles não estão para pagar os nossos devaneios, é assim que pensam.
Nós que abdicámos de crescimento económico a troco de uns quilómetros de alcatrão, para os Mercedes, BMW, VW, Opel, e seus Porches, que nos toldam as ideias e esvaziam os bolsos. Que aceitamos ser conquistados, pelos supermercados Lidl ou Aldi e aqui vender os seus produtos, as suas salsichas, os seus espargos. A Alemanha da Siemens dos electrodomésticos e equipamentos que consumimos como a Teka e da Miele, nas nossas cozinhas, dos elevadores Schneider das nossas gaiolas pagas com empréstimos feitos à banca que se endividou na Alemanha do Deutsche Bank e Commerzbank, etc. Dos submarinos corrompidos que nem dá para falar, das lâmpadas Osram que nos deviam iluminar as mentes, dos esquentadores Vaillant que nos lavam o corpo e a alma, da Grundig que nos podia abrir os olhos para a realidade, ou Vodafone que nos entretém com conversas banais, a Alemanha que nos põe doentes e deprimidos e que depois nos cura com as suas Aspirinas e outros fármacos.
Uma parafernália de interesses que corroeram a nossa balança comercial e nos tornaram um país devedor e importador a troco de uma adesão a uma moeda que ironicamente nos está agora a querer matar. 
 Mas voltando um pouco atrás, quem é a Alemanha?
A Alemanha é o país de Hitler, que quando se viu a braços com uma crise resultante da superprodução de 1929, que levou à fome e miséria pelo mundo fora, exportada da América, começou a viver tal como agora com diferenciação de classes e onde como neste momento o trabalho é pago à peça em função do serviço que executam e quando o há.
Salários pagos a 2 ou 3 euros por hora, a emigrantes que são explorados sem conhecer sequer os seus direitos e tratados com escárnio.
Isto é Alemanha de hoje, por enquanto. A Alemanha que se recusa a ser solidária com a Europa mas tirando proveito nos juros da sua dívida que lhe permitiu poupar 41 mil milhões com a crise do Euro. O país de Merkel, que recusa ser solidário nos Eurobonds, que nos acusa de gastadores irresponsáveis, mas que tem problemas laborais e vai começar a ter problemas de exportação e de excedentes.
A Alemanha que faz trocas comerciais com a China, fornecendo-lhe maquinaria para os chineses produzires os têxteis que nós lhe vendíamos.
A Alemanha colonial nos tempos modernos, que nos colonizou com seus produtos e nos acusa de gastadores.  
O país que beneficiou com a união da Alemanha de Leste, mais atrasada mas instruída de onde saiu Merkel convencida que havia outros modelos melhores, mas que para crescer não promoveu o bem-estar social que deve assistir à democracia e colocou camadas sociais com salários vergonhosos para um país que se diz desenvolvido.
A Alemanha que beneficiou com o fim do Bloco de Leste que lhe permitiu acolher mão-de-obra barata e abrir-se a esses novos mercados, tal como nós e lhe permitimos chorudos lucros.
Uma Alemanha que cresceu  numa conjuntura que se lhe tornou favorável agora nos condena e nos acusa de culpados.
Culpados sim de termos aceite entrar numa corrida chamada Euro, para a qual não estávamos preparados e que eles sabiam estar viciada.
Disso sim, somos culpados.
Culpados de pagarmos juros especulativos a troco da manutenção de uma Alemanha em crescimento, que não quer ser afectada.
Sim a Merkel e a Alemanha venceram estas eleições. Agora já pode soltar as suas garras e dizer aquilo que quer para o seu País e para a Europa.
Agora já não há pressões eleitorais nem truques de palavras como a “CULPA”.
A culpa agora será de quem não quiser ser solidário, de quem achar que efectivamente anda a sustentar os outros, como pensa o povo alemão, de que a culpa nem é deles.
 E foi assim com este tipo de culpa para a crise que o Nazismo cresceu e agora volta a desenvolver-se. E os outros são os culpados.
Uniu-se a Alemanha, e agora sem uma ameaça das armas, cria-se uma ameaça económica.
Portugal está à beira de um novo resgate, a crise na Europa vai reacender-se, vamos ver como se comportará a Alemanha.
Não há duas sem três, por isso muito cuidado que eles vão pensar mais ou menos da mesma forma que antes pensaram e aí sim volta a ameaça.
A não ser que perante as evidências que aparecerão, daqui a uns tempos uns Russos ou coisa assim, resolvam entrar pela Alemanha dentro da noite para o dia e...

Pensem nisso, pode muito bem suceder lá mais adiante. 

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O QUE NOS ESPERA! RECUPERAÇÃO OU DEPRESSÃO?

Após sinais de recuperação dados pelo PIB nos países em crise, países desenvolvidos (Europa, Estados Unidos e Japão), estaremos a assistir à verdadeira recuperação económica?



Com o anúncio nos EUA do início da redução da intervenção na economia dada pela FED, com o fim das EQ, o dinheiro por várias razões começou a regressar das economias emergentes, que para ali fugiu. Ou sobre forma de investimento produtivo, espreitando oportunidades ou mesmo em depósitos aproveitando a baixa rentabilidade nos depósitos bancários que desceram a mínimos históricos nos países em crise, com taxas nesses países bastante elevadas ou mesmo através de apostas nas bolsas essencialmente asiáticas, o dinheiro mudou de lugar. Agora que a economia recupera regressa ao local de origem, de países como a Índia, Turquia, África do Sul, Indonésia e Brasil. 
No primeiro impacto provoca desvalorização rápida dessas moedas, deixa debilidades a nível de investimento produtivo, que por si provoca desemprego. Como inundaram os bancos  e mercado, também lá como cá se usou o mesmo expediente; crédito fácil. Uma mistura explosiva para levar à recessão dos chamados países emergentes, com a debandada de capitais desses países, que provocará a diminuição de crédito e subsequente redução de consumo interno, aumentando o desemprego e criando incumprimentos e imparidades bancárias, logo crise e abrandamento económico.

Há ainda a duvida, em saber para que lado segue o mercado, daí haver já quem aposte forte na recuperação, retornando novamente o dinheiro ao mercado acionista, ou aqueles ainda receosos que teimam em manter-se no mercado obrigacionista, que dá juros nalguns casos apetecíveis e não se expõem ao risco. Tudo isto é o sinonimo de incerteza que terá que se definir à medida que se vá sentindo um falso sinal de recuperação e agravamento dos mercados.

O BCE vai tentar lutar contra a inflação, assistindo-se mesmo assim à luta entre a deflação provocada pela baixa procura e a pressão de subida do preço do petróleo devido à guerra na Síria, que atingirá preços record. Tudo isto poderá obrigar a que o BCE não consiga manter o preço de dinheiro baixo para recuperar a economia.

O mesmo acontecerá com os EUA, que devido à guerra que eles estão obrigados a fazer por questões logísticas e geoestratégias económicas, baseado numa política de guerra preventiva que tem alicerçado até aqui a recuperação económica em ciclos cada vez mais curtos, poderá fazer com que o preço energético também dispare, apesar da aposta feita na exploração geológica do petróleo naquele país, deitando por terra a recuperação sentida até aqui, provocando novamente desemprego e a crise hipotecária. O Orçamento Americano também tem que ser renegociado com os republicanos, pois já não há dinheiro para nada, que trará mais um abanão ao mercado financeiro e à economia, bem como a saída da FED de Bem Bernank que trará incertezas na condução dessas políticas.

Quanto ao Japão, não me parece que resulte por muito tempo a desvalorização do Yen, além de que estão à beira de uma catástrofe chamada Fukushima, devido às radiações nucleares se estarem a espalhar essencialmente pelo mar fora.

Na China sabe-se que a bolha imobiliária vai rebentar, com o governo a preparar 3 triliões para a atacar.

A Índia por exemplo, assiste a uma debandada de dinheiro com a rupia a desvalorizar de forma assustadora.

Cá pela Europa faz-se um compasso de espera nas eleições de Angela Merkel, a ver o que ela dita para a Europa. Se aplica a mesma política recessiva para os países afogados em dívidas ou se realmente toma medidas mais solidárias.

Aqui para nós portugueses, vai continuar o fantasma dos despedimentos na função pública aliado ao falso argumento da necessidade de reduzir custos, num pacote de cortes orçamentais que se segue após eleições autárquicas. Tudo isto trará novos protestos devido ao aumento de impostos e redução de vencimentos, aumentando novamente o desemprego, a redução de reformas e alteração do IRC para as empresas não beneficiando o poder de compra, com o falso argumento de que as reformas são necessárias mas que tornará e economia ainda mais recessiva provocando a necessidade de novo resgate.

Tudo isto a meu ver condicionará a recuperação económica e ao invés disso estou convencido que os sinais serão contrários e agora sim bem preocupantes, porque como sempre disse a recessão seria mundial, conjuntural e estrutural. 
Agora alastra-se aos países chamados em vias de desenvolvimento.



domingo, 1 de setembro de 2013

O FIM DA CLASSE MÉDIA


     Um pouco por todo o mundo assistimos a manifestações e revoluções, desde a crise do subprime nos EUA, onde se deram inicio a manifestações contra o sistema e depois espalhando-se um pouco por toda a Europa, com especial incidência aos países em crise de dívida soberana, como a Grécia, Espanha e Portugal. Outros países mostraram sinais de problemas sociais, como em Londres a destruírem e pilharem estabelecimentos inteiros, ou mesmo França como o caso das greves de camionistas ou também a revolta dos bairros da periferia de Paris a incendiarem carros.
A Primavera Árabe é o sinal mais marcante, que além de parecer profunda e perdurar, tem preocupado os Americanos, Europeus e Judeus, pois tal é a vontade de mudança e a libertação daqueles povos da pobreza e do jugo ocidental, que lhes impôs nas ultimas décadas um modelo económico e social que os conduziu à miséria.
Posteriormente espalhou-se à Turquia, ao Brasil à medida que a crise se acentua.
E outros serão os Países, como a Itália, Holanda, países Asiáticos e Sul Americanos, num alastramento cada vez mais global, apesar de agora aparecerem dados contraditórios mas  temporários.
A humanidade deu um salto trazido com a revolução industrial, apesar de ser necessário várias revoluções sociais (do proletariado) que marcaram o avanço e progresso da humanidade, como a revolução francesa, os movimentos marxistas e leninistas, os maoistas, entre outras pelo mundo fora, apesar de alguns retrocessos pelo meio com algumas ditaduras.
Conscientes de que a revolução industrial resultou em trabalhadores explorados, estes organizaram-se em sindicatos e apoiados por novas ideologias incrementaram as suas lutas e algumas revoluções entre elas as de libertação de alguns povos, que permitiu que a humanidade de certa forma evoluísse e se conseguissem novos direitos.
E agora que assistimos a mais um novo salto, num avanço onde se assiste a uma maior criação de riqueza vemos novamente maior exploração sobre quem trabalha!
-Quem vai fazer as novas revoluções e de que forma?
-Será a classe operária como nos tempos da revolução industrial que este modelo económico de certa forma ao longo das várias décadas foi abrigada a respeitar, cedendo-lhe em direitos e reivindicações?
-Tem agora o povo vontade e capacidade de fazer novas revoluções?
-Será que esta crise não é idêntica à outra?
-Ou será que os pobres envolvidos numa completa miséria já nem se dão conta de si, e há muito deixaram de lutar perdendo consciência que também são gente, deixando de ser capazes e ter tempo de pensar e reivindicar?
Serão estes os novos Servos da Gleba, ou ainda terão capacidade de despertar?
-Será que o que está a acontecer agora não se compara aos tempos da revolução industrial?
-Não seremos nós a classe média, comparáveis aos operários fabris de então, que aos poucos e poucos foram trabalhando cada vez mais, para os patrões aumentarem seus lucros e perdendo capacidade de compra, com custo de vida a aumentar, os salários a baixar e desemprego a subir, conforme a teoria de Keins?
-E se assim for, quem fará agora as novas revoluções?
-Será que a Classe Média cada vez mais enfraquecida está disposta e preparada para fazer esta nova revolução à medida que vão sentindo que as suas vidas não têm mais solução conforme aceleram a pobreza?
-Estarão eles dispostos a fazer uma nova revolução à medida que as suas consciências vão despertando para o novo estado de desgraça?
-De que forma se poderão organizar? Uma vez que nos últimos tempos as estruturas sindicais foram destruídas e desvalorizadas com argumentos de que já não eram necessárias, ou com ameaças persecutórias aos sindicatos e também levando inconscientemente a pensar que essas coisas já não eram necessárias, que agora toda a gente vivia bem e que isso já não tinha sentido, ser sindicalizado!
-Com o trabalho completamente desfragmentado e com a ideia que os sindicatos já não fazem sentido, como será então esta nova revolução?
-Será através das redes sociais que vão surgir  novas consciências e novos alertas?
-Será sobre estas formas de comportamento, de protesto e passagem de informação que vão surgir as preocupações dos nossos governantes e daqueles que dirigem o mundo?
-Será que é por isso que já vasculham a vida privada de tos nós, sabendo eu que pelo simples facto de estar aqui a publicar este artigo posso ser objecto de atenção e de preocupação?
-As ultimas condolências via facebook dada pelo Sr. Presidente, Cavaco Silva ao seu falecido amigo António Borges, com a reacção dos bombeiros e outros cidadãos na sua página, são a prova de que as coisas estão a mudar?
-Será que o perigo de pressão vem agora das redes sociais?
-O controlo que existe no mundo, levado a cabo por americanos e ingleses vigiando tudo e todos estarão na base dessa preocupação?
-Será que é por aí que eles tentam controlar o novo grito de revolta trazido com as novas tecnologias?
Seja como for, a mim parece-me que as novas tecnologias e a ciência nos trouxeram uma nova era de progresso para a humanidade, que poderia elevar os padrões de vida dos povos, mas tal como na revolução industrial, serve apenas para criar novos e cada vez mais ricos em prejuízo de melhor distribuição da riqueza agora produzida, conforme aconteceu antes.
Na altura boicotaram-se as novas máquinas, seus donos e inventores. Agora usam-se as novas tecnologias para criticar o que está mal.
De uma forma mais suave, com os já preocupantes ataques de ackers e organizações como os Anonymous, bem como a informação que é dada através de sites que denunciam casos jamais imaginados como no WikiLeaks,  resultando também num maior esclarecimento e maior mobilização contra as autoridades.
De que forma é que esta contestação se circunscreve às redes sociais, isso depende de uma maior consciencialização da nova pobreza em que estamos mergulhados.
Quando a classe média perceber que não passam de novos pobres aí sim as redes sociais sairão à rua e dar-se-à uma nova revolução.
Até lá, basta esperar que aos poucos a classe média ganhe consciência que desapareceu.

Então aí teremos uma nova revolução.