domingo, 1 de setembro de 2013

O FIM DA CLASSE MÉDIA


     Um pouco por todo o mundo assistimos a manifestações e revoluções, desde a crise do subprime nos EUA, onde se deram inicio a manifestações contra o sistema e depois espalhando-se um pouco por toda a Europa, com especial incidência aos países em crise de dívida soberana, como a Grécia, Espanha e Portugal. Outros países mostraram sinais de problemas sociais, como em Londres a destruírem e pilharem estabelecimentos inteiros, ou mesmo França como o caso das greves de camionistas ou também a revolta dos bairros da periferia de Paris a incendiarem carros.
A Primavera Árabe é o sinal mais marcante, que além de parecer profunda e perdurar, tem preocupado os Americanos, Europeus e Judeus, pois tal é a vontade de mudança e a libertação daqueles povos da pobreza e do jugo ocidental, que lhes impôs nas ultimas décadas um modelo económico e social que os conduziu à miséria.
Posteriormente espalhou-se à Turquia, ao Brasil à medida que a crise se acentua.
E outros serão os Países, como a Itália, Holanda, países Asiáticos e Sul Americanos, num alastramento cada vez mais global, apesar de agora aparecerem dados contraditórios mas  temporários.
A humanidade deu um salto trazido com a revolução industrial, apesar de ser necessário várias revoluções sociais (do proletariado) que marcaram o avanço e progresso da humanidade, como a revolução francesa, os movimentos marxistas e leninistas, os maoistas, entre outras pelo mundo fora, apesar de alguns retrocessos pelo meio com algumas ditaduras.
Conscientes de que a revolução industrial resultou em trabalhadores explorados, estes organizaram-se em sindicatos e apoiados por novas ideologias incrementaram as suas lutas e algumas revoluções entre elas as de libertação de alguns povos, que permitiu que a humanidade de certa forma evoluísse e se conseguissem novos direitos.
E agora que assistimos a mais um novo salto, num avanço onde se assiste a uma maior criação de riqueza vemos novamente maior exploração sobre quem trabalha!
-Quem vai fazer as novas revoluções e de que forma?
-Será a classe operária como nos tempos da revolução industrial que este modelo económico de certa forma ao longo das várias décadas foi abrigada a respeitar, cedendo-lhe em direitos e reivindicações?
-Tem agora o povo vontade e capacidade de fazer novas revoluções?
-Será que esta crise não é idêntica à outra?
-Ou será que os pobres envolvidos numa completa miséria já nem se dão conta de si, e há muito deixaram de lutar perdendo consciência que também são gente, deixando de ser capazes e ter tempo de pensar e reivindicar?
Serão estes os novos Servos da Gleba, ou ainda terão capacidade de despertar?
-Será que o que está a acontecer agora não se compara aos tempos da revolução industrial?
-Não seremos nós a classe média, comparáveis aos operários fabris de então, que aos poucos e poucos foram trabalhando cada vez mais, para os patrões aumentarem seus lucros e perdendo capacidade de compra, com custo de vida a aumentar, os salários a baixar e desemprego a subir, conforme a teoria de Keins?
-E se assim for, quem fará agora as novas revoluções?
-Será que a Classe Média cada vez mais enfraquecida está disposta e preparada para fazer esta nova revolução à medida que vão sentindo que as suas vidas não têm mais solução conforme aceleram a pobreza?
-Estarão eles dispostos a fazer uma nova revolução à medida que as suas consciências vão despertando para o novo estado de desgraça?
-De que forma se poderão organizar? Uma vez que nos últimos tempos as estruturas sindicais foram destruídas e desvalorizadas com argumentos de que já não eram necessárias, ou com ameaças persecutórias aos sindicatos e também levando inconscientemente a pensar que essas coisas já não eram necessárias, que agora toda a gente vivia bem e que isso já não tinha sentido, ser sindicalizado!
-Com o trabalho completamente desfragmentado e com a ideia que os sindicatos já não fazem sentido, como será então esta nova revolução?
-Será através das redes sociais que vão surgir  novas consciências e novos alertas?
-Será sobre estas formas de comportamento, de protesto e passagem de informação que vão surgir as preocupações dos nossos governantes e daqueles que dirigem o mundo?
-Será que é por isso que já vasculham a vida privada de tos nós, sabendo eu que pelo simples facto de estar aqui a publicar este artigo posso ser objecto de atenção e de preocupação?
-As ultimas condolências via facebook dada pelo Sr. Presidente, Cavaco Silva ao seu falecido amigo António Borges, com a reacção dos bombeiros e outros cidadãos na sua página, são a prova de que as coisas estão a mudar?
-Será que o perigo de pressão vem agora das redes sociais?
-O controlo que existe no mundo, levado a cabo por americanos e ingleses vigiando tudo e todos estarão na base dessa preocupação?
-Será que é por aí que eles tentam controlar o novo grito de revolta trazido com as novas tecnologias?
Seja como for, a mim parece-me que as novas tecnologias e a ciência nos trouxeram uma nova era de progresso para a humanidade, que poderia elevar os padrões de vida dos povos, mas tal como na revolução industrial, serve apenas para criar novos e cada vez mais ricos em prejuízo de melhor distribuição da riqueza agora produzida, conforme aconteceu antes.
Na altura boicotaram-se as novas máquinas, seus donos e inventores. Agora usam-se as novas tecnologias para criticar o que está mal.
De uma forma mais suave, com os já preocupantes ataques de ackers e organizações como os Anonymous, bem como a informação que é dada através de sites que denunciam casos jamais imaginados como no WikiLeaks,  resultando também num maior esclarecimento e maior mobilização contra as autoridades.
De que forma é que esta contestação se circunscreve às redes sociais, isso depende de uma maior consciencialização da nova pobreza em que estamos mergulhados.
Quando a classe média perceber que não passam de novos pobres aí sim as redes sociais sairão à rua e dar-se-à uma nova revolução.
Até lá, basta esperar que aos poucos a classe média ganhe consciência que desapareceu.

Então aí teremos uma nova revolução. 

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