segunda-feira, 11 de agosto de 2008

RÚSSIA E GEO-ESTRATÉGIA MUNDIAL

Quando o império russo (URSS) se desmoronou, a Rússia foi tratada com desdém, principalmente pelos EUA, que começaram a fomentar o alargamento da NATO à sua volta, por forma a humilha-la e isola-la, com a Europa a seguir-lhe na sua concordância.
Nessa fase os Russos passaram por grande humilhação. A queda do muro de Berlim o desmoronamento da URSS e o declínio do Pacto de Varsóvia, mas pior ainda, o choque que sentiram confrontados com o mundo ocidental e a fome com toda essa mudança, com 40% da população, nessa altura a viver abaixo da linha da pobreza.
Envergonhados e achincalhados, aos poucos foram-se erguendo. Hoje a Rússia levanta-se, recupera alguma industria de que era pioneira (armamento, aviação etc), claro que com muito para desenvolver. A pobreza da população deixou de ser tão acentuada.
Hoje em dia a Rússia é dos três países do mundo com mais divisas externas, a par da China e do Japão (dólares e Euros) e tem recursos, de que a Europa precisa, “como do pão para a boca” (petróleo, gás natural).
Este “perdedor” da Guerra Fria, prepara-se para a vingança. Putin disse-o bem em Portugal, aquando da Cimeira em Mafra, expressando que o pior ainda estava para vir, referindo-se às pretensões da NATO, ao querer instalar mísseis à sua volta.
Uma espécie de provocação e ameaça hegemónica mundial, criando em seu redor um escudo de mísseis por parte dos EUA/NATO, querendo enclausurar humilhantemente um povo orgulhoso que o é na sua história.
A não negociação com a Rússia das novas pretensões da NATO, cegas e provocadoras aquela nação, foi mais um revés.
Por tudo isto a Rússia vai querer mostrar-se novamente, com mais potencial sobretudo sobre a Europa, que vagarosamente repara que o xadrez mundial está a mudar e os EUA, já não mandam conforme ainda teimam, no mundo.
Já adivinhavam e temiam um novo desenho ou nova ordem mundial tanto geopolítica, como económica, por isso se anteciparam a ir para a guerra no Iraque para tentar ter o controlo do petróleo que começava a escassear.
Com o tempo os Americanos perdem o Médio Oriente. Temo é que a Europa sem recursos, se perca a si mesma, ao ter apoiado essa aventura.
“Esse animal ferido” ainda vai querer ajustar contas, do alargamento provocatório às suas portas e que pode sair caro também à Europa.
Os Russos, ganham vantagem com o domínio estratégico, aos poucos da região asiática. Uma relação cada vez mais estreita com a China e os países árabes, incluindo o Irão claro! O maior inimigo do Ocidente.
Têm os oleodutos, gasodutos para a Europa e um potencial de desenvolvimento industrial e agrícola, e têm reservas monetárias, bem como metais, o ouro etc.
Portanto um manancial de vantagens, sobre qualquer país desenvolvido a braços com a crise económica que nos vai definhando aos poucos e não vai parar.
Por tudo isto era necessária uma política europeia mais coerente e lúcida, com o vizinho do lado, “esse animal ferido que um dia vai mostrar as suas garras”.
A recente e iniciada intervenção na Geórgia é a prova disso, que já tinha escrito antes e me preparava para publicar aqui. As teimosias do alargamento da NATO à Geórgia e as manobras conjuntas com os Americanos, foi mais um rastilho no pretexto da Ossétia e Abcássia. Os pretextos separatistas parecem-me irrelevantes ao olhar para o mapa. Estratégias de parte a parte e o resto… acho que já disse.

Sem comentários: