sábado, 27 de junho de 2009

Da deflação à hiper-inflação



Li algures que Inglaterra poderia ter necessidade de cunhar mais moeda, ou seja, colocar mais moeda em circulação.
Veio-me logo à lembrança de quando aqui há uns três ou quatro anos atrás, se deixou de divulgar a massa monetária em circulação.
Em tempos era divulgado a quantidade de moeda em circulação, ou seja havia um painel em que quem pretendesse saber a quantidade de dólares em circulação bastava aceder ali e ficava informado.
Essa foi uma das medidas tomadas após o 11 de Setembro, também ele precedente de uma crise que eclodiu em 2001 e que se arrastava desde 2000. Um dos tais ciclos económicos que eram cada vez mais curtos e que acabaria por levar a uma grande recessão, não fosse a desculpa do “Subprime” das “Offshore” ou sei lá que mais, mas que para mim não foi mais que a forma encontrada por esta economia tonta, em querer a todo o custo facilitar o acesso ao crédito a pretexto de um crescimento económico desmesurado e não acompanhado por um efectivo poder de compra por quem trabalha e depende do seu parco vencimento no dia a dia.
Mas voltando à vaca fria, e falava eu, ou pelo menos tento falar, do tal aumento da massa monetária em circulação. Uma coisa que ainda ninguém falou nem se preocupou mas que vai ser o busílis da questão económica lá mais para a frente.
Dito isto e lembrando as palavras iniciais a Inglaterra a precisar de mais moeda, pelo menos foi o que li.
Este é realmente o problema e quando nos EUA desconfio que já se deve andar a fazer há algum tempo, se calhar a razão da não divulgação da massa monetária em circulação, para não afligir ninguém que repare nisto.
Num período em que há deflação que eles apelidam de desinflação ou inflação negativa, os tais novos termos ditos eufemísticamente de forma “soft”, para não afligir tanto ou se calhar para evitar que menos depressa isso aconteça. Preocupa-me a falta de dinheiro para consumir, quer a falta dele nos bancos para incentivar esse consumo, para colocar o mercado a funcionar e empurrar a economia para a frente, salva-la do abismo deflacionista e por sua vez o tal colapso global onde pura a simplesmente só restarão cinzas.
Então que fazer? Já que o dinheiro não sai debaixo de alguns colchões milionários, que temem o pior e se retraem, só resta cunhar mais moeda e aumentar a massa monetária em circulação.
Parece uma medida acertada, pelo menos para aqueles que escondem os seus cobres tanto no colchão, ou se refugiam no ouro, paraísos fiscais ou sei lá que mais. Vão ser obrigados a mostrá-lo porque com a massa monetária a aumentar vamos assistir a uma espiral inflacionista jamais visto.
É simples fazer contas com mais dinheiro em circulação inicialmente há uma sensação de maior poder de compra que espevita a economia, porque as pessoas com mais dinheiro nas mãos vão querer gasta-lo e aí vai sentir-se a sensação de alivio. O consumo volta, há mais dinheiro logo mais poder de compra. Mas logicamente (como diz o Paulo Bento) vai haver uma sensação de melhoria. Mas atenção, isto leva-nos a uma depreciação da moeda e quando inicialmente pensamos que €500 valem alguma coisa, possivelmente valem metade porque aumentou a massa monetária, para de forma artificial haver mais dinheiro no bolso das pessoas. Isso não só leva à desvalorização do dinheiro (a tal depreciação do valor facial da moeda), como aumentando a procura, aumenta o valor dos preços (porque o mercado regula-se pela lei da oferta e da procura) e como nessa altura a maioria das fábricas fecharam ou reduziram a produção, o que vai acontecer é que a procura será superior à oferta, logo estas duas coisas somadas empurra-nos para um inflação galopante e desmedida.
Então aí o que é que nos espera? Pois isso mesmo! Chegará uma altura em que o dinheiro não vale nada e que um artigo comprado hoje passado uns dias já vale o dobro e isso mais empurra para o consumo mais acelera a inflação de vido ao medo instalado.
Já pensaram nisto? Pois ainda não vi ninguém a pensar! Mas eu que julgo que penso eh eh… (pensamento socrático dos tempos modernos), pode muito bem ser esse o futuro. Pura e simplesmente o dinheiro deixa de ter valor. Andarmos carregados de dinheiro e não conseguiremos comprar nada com ele, tanto por falta de produtos, bem como pela exorbitante inflação.
Mas há aqui um pormenor que deixo também para reflexão. Os bancos centrais dos mais variados países estão carregados de dólares, os EUA estão com um défice orçamental estrondoso e incomportável. Só lhe restava era isso, aumentar a massa monetária, provocando a desvalorização do dólar e com isso equilibrar o défice e porque não resolver o problema de liquidez no mercado, que tanto abalado ficou com o “subprime”. Mas já pensaram nas consequências devastadoras para os outros países e dos investidores no mercado dos EUA, como os Árabes e Chineses? Pois é!
O dólar cai e tomba tudo atrás de si, até nós europeus afinal a economia é global e os EUA são o motor mundial. Espero que o dólar não se torne uma moeda malvada. Mas também espero que nenhum país se queira vingar disto tudo e não nos arraste para uma guerra que cada vez me assusta mais, como sendo a solução possível para uma espécie de “Fénix” e uma nova era.

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