quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Da “sopa do Sidónio” ao “take away” do Pedro


A sopa dos pobres voltou a Portugal. Embora com roupagem nova as cantinas sociais aí estão novamente.
O Ministro da Solidariedade, Pedro Mota Soares, está mesmo determinado a ficar na história da governação. Como que a imitar a “sopa do Sidónio” cria agora o “take away” do Pedro da Mota. Digamos que uma espécie de “Mitra” adaptada aos tempos modernos, que por ambiguidade trazem os tempos da sopa dos pobres.
Na falta de Rainhas e Duquesas haverá sempre quem as queira substituir neste inestimável lugar da sociedade, a essas celebres personagens da realeza que se dedicavam à caridadezinha, enquanto os seus pares viviam que nem nababos às custas da desgraça alheia.
Nos tempos em que a Monarquia, era sinónimo de falhanço social, com fome, miséria e inflação galopante, com sinais de corrupção por todo o lado e lutas politicas ferozes tal como agora nesta Democracia, no Reinado de D. Carlos a Duquesa de Palmela e a Marquesa de Rio Maior, criaram as Cozinhas Económicas e depois Sidónio Pais apoiado na altura pela maçonaria mercantilista (vejam só as coincidências) apropriou-se da iniciativa e assim ficou na história a “sopa do Sidónio”.
A titulo de curiosidade, Sidónio Pais foi morto por uma questão de honra, por um mediador do conflito que opunha uns esfomeados alentejanos, que se tinham apropriado de Terras e Celeiros, na sequência da repressão da Greve Geral de Novembro de 1918, organizada por alguns sectores Anarquistas, e o governo de Sidónio.
O mediador republicano, José Julio da Costa, era um agrário de Garvão e empenhara a sua palavra, na garantia de que não haveria represálias para os sublevados.
Mas o “ditador-rei”, não honrava compromissos, despachou os ditos esfomeados, de barco para Angola.

Mais tarde nos anos 40, quando milhões morriam de fome na Europa, dita civilizada, em Portugal havia a "Sopa do Sidónio", nas freguesias de Lisboa, onde todos podiam ir lá buscar a sopa de grão com massa com chouriço e toucinho e um "casqueiro" para matar a fome que era muita.
Dessa altura ficou na memória a frase de Salazar, “Livro-vos da guerra, mas não vos livro da fome”. Com escassez, racionamento de alimentos e filas intermináveis na dita sopa dos pobres.

Agora Pedro Mota Soares argumenta, «Sabemos que muitas famílias estão a atravessar sérias dificuldades, por isso queremos contratualizar com as instituições sociais a confecção e distribuição de refeições para consumo em espaço próprio ou para consumo em domicílio». O tal” take away” da “sopa dos pobres”.
Anunciando o apoio do Governo de 50 milhões de euros a uma rede solidária que passa de 62 para 950 cantinas sociais.
A ideia desta democracia, de levar o povo à miséria e depois distribuir misericórdia como um acto de bondade e boa fé, parece finalmente conseguido, e a garantia extraordinária do anonimato da pobreza envergonhada.

Agora penso que só falta completar a atitude do “tempo da outra senhora”, e colocarem as prostitutas em prostíbulos e depois uma vez por mês terem direito a consulta de ginecologia grátis e distribuírem-lhe os preservativos para prevenir doenças, conforme já se vai fazendo agora por esses pinhais e eucaliptais fora à beirinha da estrada, tentando manter o anonimato de uma fome gritante que desfere os últimos golpes num corpo que já perdeu a alma numa luta contra a dignidade.

Será que também vão criar uma espécie de “take away” para elas, ou vão coloca-las nos “bordéis sociais” onde cada homem despido da sua inocência se vai servir, tirando proveito da miséria humana.

Sidónio Pais e Salazar instituíram a “sopa dos pobres” Pedro Mota Soares e Coelho seguiram-lhes os “Passos”.
Aqueles senhores ficaram na má memória nacional.
 Não há duas sem três.
Já agora… Deixem de ser piegas e vão lá às cantinas matar a fome com a “sopa do Pedro”.

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