quarta-feira, 23 de julho de 2014

VIVA A CIMEIRA DA CPLP


Começou hoje a Cimeira da CPLP.

A quebra do protocolo, já  marcou a cimeira, logo no início. O incidente deu-se quando oficialmente a Guiné Equatorial ainda não integrava a organização e já Teodoro Obiang, o oitavo governante mais rico do mundo (segundo a Forbes), já fazia parte da fotografia antes de pertencer à Organização, mas que já tinha sido decidido ao arrepio das intenções de Portugal.
A Guiné Equatorial foi aceite na CPLP por imposição aos nossos governantes impotentes e subjugados aos seus pares, que tanto devem aos direitos humanos.
Não gostámos mas pronto, a força dos países que tanto ajudámos humilhou os governantes de um Portugal fraco e debilitado perante os seus “irmãos”.

Recebidos ridiculamente com boas vindas em inglês expostas num cartaz de hotel onde decorreu a cimeira, assim vai ela decorrer, com a impotência de um país que já tanto deu ao mundo.
Camões não escreveu a sua epopeia para se assistir a esta humilhação.
Ai se eles conhecessem os Lusíadas!
Portugal, um país da Europa tinha que estar contra esta entrada de um dos políticos mais corrupto em África e no mundo.
O pior ditador de África, com 35 anos de opressão e o mais antigo no poder, tem um país com o maior índice de pobreza do mundo, mas vai passar a ser um país “irmão”, membro da CPLP e com plenos direitos.
Portugal fica mal na fotografia, fica mal para o resto do mundo civilizado, fica mal para os seus parceiros da UE.
Alem de termos sido isolados, fomos gozados na tomada de posse que deu a Guiné Equatorial como que  um “antes de o ser já o era”, quebrando todas as formalidades que os nossos representantes tiveram que engolir, na sua triste figura a que já nos habituaram.
Obiang, o sanguinário com cerca de 90%  do seu povo contra si, que ora fala o seu dialeto, ora tem que aprender o espanhol e o francês, parece agora querer torná-los poliglotas ao impor o português que nem ele sabe falar. Só por questões estratégicas, de aceitação internacional e para se perpetuar no poder com o seu filho que o sucederá como uma dinastia déspota e iluminada pelo seu nepotismo em pleno Sec. XXI .
Portugal vai ter que fechar os olhos a atrocidades contra os princípios democráticos e direitos humanos que sempre defendeu, isolado e subjugado a seus pares.
Portugal ainda não tem as portas fechadas dos outros países, mas a partir de hoje para lhe abrirem as portas será muito mais difícil, porque efectivamente passou a estar mais mal acompanhado, de quem é necessário desconfiar.
Sabemos que há muitas empresas portuguesas principalmente da construção civil que têm interesse na Guiné Equatorial. No petróleo também haverá interesses visto que aquele país é produtor de petróleo e passa a fazer parte do quarto maior grupo desses produtores.
Este nosso governo já nos chocou com as medidas políticas tomadas cá dentro, agora pasma-nos com esta aceitação de um estado pária ao lado de um outro narco-estado, mas que pelo menos fala português, só porque os interesses económicos e financeiros falam mais alto.
Só espero é que Portugal, pelo menos num outro governo tenha força suficiente para tentar fazer alguma coisa pelos direitos humanos violados naquele país e CPLP.
Pelo menos que se acabe com o canibalismo do déspota Obiang e com a pena de morte, para não nos envergonhar tanto.
 Porque agora sim, fazemos parte de um grupo de marginais e criminosos aos olhos do mundo civilizado.
Quando se luta por um mundo melhor, aparece Portugal a abraçar um submundo de vergonha para a humanidade.
Foi para isto que tanto lutámos pela autodeterminação daqueles povos, como Timor, que Xanana parece que já esqueceu?
Para agora e para nossa vergonha “como povo” aceitarmos isto?  
A Turquia e a Indonésia também chegaram a pedir para participar como observadores, parece que por questões económicas. E sendo assim vale tudo, menos falar português.
O dinheiro tudo pode mesmo sendo dinheiro sujo. E bem sujo ao que parece.

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