sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Mundo e Economia que Futuro? Os dados estão lançados!


Voltando a falar sobre o futuro da economia mundial, claro que não podemos dissociar o resto do mundo dos países desenvolvidos, porque a crise vai ser tão profunda que ninguém escapará, nem mesmo os países mais longínquos, do “centro do furacão económico”.
Eu que há muito apostei que vinha aí uma crise sem precedentes, no meu entender é o fim de um ciclo na história da humanidade. Claro que me refiro a um ciclo económico que dura desde a Revolução Industrial (subdividido) aquilo que chamamos na História a Idade Contemporânea. Uma Conjuntura que é certo ter durado menos que as anteriores, mas não devemos esquecer que o mundo gira a uma velocidade estonteante, sem que nos tenhamos apercebido, entrámos neste turbilhão de mudanças que vai afectar a vida quotidiana da humanidade dos nossos dias. As grandes transformações estão aí, quer económicas, políticas quer sociais. Claro está que o mais preocupante são as sociais, porque vão arrastar para a fome e miséria cerca de metade da população mundial, com esta crise onde vamos mergulhando.
Eu previ “modestamente” e claro pelo que leio e me é dado a observar, que este modelo económico teria o seu fim, como tudo na história, não imaginava era uma versão tão apocalíptica e desastrosa para a humanidade. Mas não podemos esquecer que as mudanças e os fins são sempre muito dolorosos para as sociedades.
Era previsível que esta forma de consumismo e de criação de desigualdades sociais um dia levaria ao seu fim, sendo que aquilo que me parecia mais preocupante era a crise de produção e consumismo, por forma a fazer a economia crescer sem sustentação física.
A juntar à falta de assistência social, os cuidados de saúde, educação e a perda de habitações próprias, assistimos aos poucos e poucos a uma precariedade atroz no mercado laboral, em que a grande maioria só já ganha para pagar dividas, que não param de aumentar, criando uma espécie de clausura económica que aos poucos nos vai asfixiando até sucumbir socialmente cada família, levando com isto a um afundamento do sistema financeiro mundial.
Virá uma tamanha crise de liquidez e de solvência bancária que provocará terrível crise de crédito ao consumo, quer a nível das famílias quer a nível de empresas e instituições, tanto particulares como do Estado.
Os Bancos ficarão tão frágeis e o Estado seu fiador por sua vez, que será aterrador e brutal socialmente.
Alguns com dinheiro chegarão ao tempo de o terem para comprar, mas não terão o que comprar, que só lhe restará comprar ouro, como garantia de futuro.
Vamos ter uma autêntica guerra e corrida a empresas chave da economia com os países que ficaram agarrados ao dólar e fartos dele a querem comprar e tomar os destinos da economia e tentar controlar eles esse rumo.
Esse risco está em países como a China, Rússia e países árabes principalmente, que depois com algum dinheiro, vão querer controlar a economia comprando a preço de saldo as empresas mais importantes e motoras das economias mundiais. Estes países, os chamados em vias de desenvolvimento são os potenciais. Primeiro não estão tão desenvolvidos e depois têm reservas e Dólares ainda para gastar porque o dinheiro não valerá nada. Possivelmente não irão sofrer tanto com a crise.
As pessoas com a deflação instalada vão obrigar as empresas a baixar os preços dos bens, provocando uma baixa geral, levando à falência de algumas empresas e arrastando desta forma grandes quantidades de pessoas para o desemprego e miséria, retraindo o consumo. Aqueles que ainda possam ter poder de compra, retrair-se-ão esperando novas baixas, adiando o consumo na esperança que tudo fique mais barato, levando a falências em catadupa.
Só me faz aqui uma certa confusão, para que tudo isto se evite eles não porão no mercado grandes quantidades de massa monetária em circulação, causando a depreciação da moeda? Afinal produzir moeda é fácil! A ver vamos? Pode ser grave e lavar a uma guerra também.
Claro que tudo isto se iniciou na habitação especulada e super alavancada, que deixou a grande parte das famílias a pagar muito por uma casa que o não valia. A ficarem quase limitadas nas poupanças e desta forma incentivados pelos créditos fáceis a se empenharem em novos créditos que lhes foram impingidos, que ao mínimo sinal levou á crise que agora vivemos e que só se revelou mais cedo porque os créditos fáceis assim contribuíram. Uma economia feita de ilusões. Diria eu, um circo de ilusionismo, onde todos os intervenientes se iludiram e acreditaram. Como se fosse possível isto continuar assim a criar ilusões sem matéria palpável. Só fez falta os espelhos e os fumos porque cartas e ilusionistas houve mesmo muitos.
Economia real é ter dinheiro para comprar uma coisa que tem um valor intrínseco a que realmente corresponde uma determinada quantia, mas que existe. Economia real é cada um poder comprar conforme o seu vencimento. Se querem mais consumo aumentem os vencimentos e assim aumenta o poder de compra. Nada de ilusionismos financeiros.

“O capitalismo é um monstro que se engole a si próprio”; bem! Parece que o monstro está já de boca aberta. O meu desejo é que esta crise não resultasse numa outra guerra, como a que sucedeu à depressão de 1929, a famigerada 2ª Guerra Mundial, uma guerra urdida à conta da crise. Mas assim sendo esta crise será maior, a guerra será ainda maior também.
Haja Deus, haja Deus.

Virá um tempo de solidariedade económica e social, virá uma nova era em que as instituições e as pessoas sintam essa necessidade. Mas não será já para nós com certeza.

Como dizia nosso grande pedagogo Agostinho da Silva “O Homem Novo ainda está para vir”

1 comentário:

Anónimo disse...
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