terça-feira, 3 de janeiro de 2012

PORTUGAL REGRESSA ÀS BARRACAS

“Os proprietários podem pôr termo a contratos de arrendamento se num ano houver quatro atrasos no pagamento superiores a oito dias, prevê a proposta de lei com novas regras para o arrendamento urbano.”
Foi o que li.

Assim o atraso reiterado ao longo do ano, isto é, basta que o inquilino se atrase durante dois meses e é o suficiente para que o senhorio resolva o contrato e parta para a expulsão da desgraçada família, com atraso de vencimento por exemplo ou apenas tenha deixado de receber ordenado apanhada nessa pouca precaução.

A estes a lei protege com um despejo para o olho da rua. Ou então basta o atraso superior a oito dias durante quatro vezes no ano e acontece o mesmo, cessa o contrato; vai procurar poiso noutro lado que aqui não dormes mais; mesmo que até tenha sido uma pessoa séria e digna dos seus compromissos até aqui.

Mas com a nova lei passa a “persona non grata” ficando nas ruas da amargura carregada de vergonha e de “arabecos” sem saber onde ir pois foi espoliada pelo senhorio que sem remorsos aproveitou a nova lei das rendas para correr com inquilino na avidez de fazer mais uns trocos com um outro inquilino.

Tudo isto a propósito de estupidez ou não, da miopia ou não, dos ressentimentos ou não, ou sei lá que mais sim ou nãos de uma exigência da “TROIKA” que não conhece a realidade de um País de pessoas dignas, que de um momento para o outro à custa das suas exigências vão passar pela maior das vergonhas e empurrados para a miséria das barracas, ou das arcadas, ou estações de comboio, ou vãos de escadas ou debaixo da famigerada ponte.

É isto que espera a grande maioria dos inquilinos portugueses, amontoarem-se em casa uns dos outros a dormir em condições desumanas com falta de dignidade e privacidade amontoados como gado, em casa dos pais, dos filhos, dos cunhados, dos primos e sei lá quem mais, dividindo quartos, ou então a deambular pela rua sem eira nem beira, mas essencialmente num retrocesso às barracas a fazer lembrar os anos 60 e 70, como que a evolução não tivesse existido.

Esta vai ser a realidade quotidiana do nosso País, uma cintura de barracas à volta das cidades carregadas de pobreza, promiscuidade, doenças e dejectos.

Tudo porque em tempo de crise, quando não há dinheiro para pão, as pessoas em vez de ser ajudadas passam a ser desapossadas e expostas do seu canto de vergonhas dilaceradas pela vida por que passam, onde escondem as misérias para as quais não contribuíram e nem sequer entendem.

Um governo que segue cegamente uma “TROIKA” que não conhece a nossa realidade e nem sequer imagina tamanha consequência é ainda mais insensível e responsável.

Claro está que tudo isto das rendas também pode acabar em processo judicial, se as duas partes não se entenderem, atulhando ainda mais os Tribunais.

Mas eu quero estar convencido que tudo vai ficar bem.

As rendas vão subir, quem vai ganhar com isso é que eu não sei bem, mas sei que toda a gente vai conseguir pagar os novos preços das rendas, até porque tudo vai ser aumentado e os impostos até vão descer e quanto a desemprego acho mesmo que o que existe é só para os que não querem trabalhar. Porque há por aí muito onde trabalhar e até a bom preço e desemprego isso é mentira.

Blá, blá, blá.

Lembro-me de os políticos terem anunciado o fim das barracas, não sabiam era que diminuíram para depois aumentarem de forma descontrolada.

A ver vamos.

Não chegava os que não conseguem pagar o empréstimo da casa, agora ainda querem despejar os que não conseguem pagar a renda.

Á cautela já lá tenho a minha tenda de campismo a aguardar

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