
Vivemos o rescaldo da ida aos mercados de ontem, em que
Portugal através do IGCP, lançou mais uma emissão de divida pública a 5 anos,
que foi um sucesso de tal ordem que Passos Coelho aproveitou para se
recandidatar à liderança do PSD e até se colocou por parte do João Almeida do CDS
vejam só, a hipótese de Paulo Portas vir a ser candidato a Presidente da República.
De um momento para o outro os nossos vilões, que nos roubam
as pensões, os ordenados, que nos destroem o ensino que nos tiram a saúde,
agora de um momento para o outro passaram dos metralhas do sistema a criaturas
angelicais.
Já ninguém se lembra, das promessas feitas em campanha
eleitoral, de não aumentarem os impostos. De não fazerem aquilo que os outros
faziam com um tal “pack 4”,
que afinal se revelou um Sagui ao pé deste Gorila devorador de velhinhos,
funcionários públicos e destruidor de salários dignos, fora o resto.
Aquele que prometeu que faria tudo contrario ao que fez. Que
disse que conhecia bem as contas públicas e depois afinal já havia buracos
colossais nas contas do Estado, é o mesmo agiota, que nos aparece agora a
anunciar a sua recandidatura no PSD.
Aquele que inaugurou o relógio do fim da Troika e que
afirmou que a crise demorou 1.004 dias é agora o candidata a presidente. O irrevogável cidadão até aceita agora ser candidato com o PSD por saber das
sondagens desfavoráveis e dessa forma conquistarem mais lugares no parlamento
europeu.
Estes que agora se colocam em bicos de pés arrogam-se quase
já de salvadores da pátria, convencidos que fizeram milagres com a disseminação
da desgraça e miséria por este país.
Convencidos que salvaram o país quando aparecem agora alguns
ténues resultados positivos, como o desemprego a baixar, só porque esvaziaram o
país em emigração, porque permitiram a que muitas empresas iniciassem a sua
actividade em Portugal aproveitando-se da mão-de-obra vergonhosamente barata e
fugindo à instabilidade e guerra noutros países como no Magreb e Médio Oriente.
Mas as empresas que nascem são na sua maioria unipessoais que
não passam de desempregados a tentar contrariar o desemprego em que caíram, mas sem resultados práticos.
O governo português não resolveu nada de nada em termos
macro-económicos, porque a economia não tem chegado às empresas portuguesas nem
tão pouco aos portugueses.
As exportações aumentaram essencialmente à custa de aumento
de produção da refinaria de petróleo e dos baixos salários que permitiram
baixar preços, porque no essencial veremos mais tarde que a produção não
aumenta.
O que diminuiu foi o consumo por falta de dinheiro, criando um desequilibro entre importações e exportações e nesta disparidade deu a sensação de melhorias da economia.
Os portugueses é que tiveram que se remediar e poupar, sujeitando-se ao
que agora existe, que não passa de é um novo incentivo ao crédito ao consumo
por parte de financiadoras ainda mais especuladoras, que se aproveitam da
situação de debilidade dos portugueses.
O que foi criado de bom foi uma insistência de que as coisas
estariam a mudar, convencendo-nos dessa falsa confiança instalada.
Como sempre afirmei, em períodos de depressão há momentos em que parece que tudo vai melhorar mas
depois piora.
A única coisa que melhorou foi o clima de confiança, por todo o mundo que ajudou Portugal.
Melhorando clima de confiança diminui o medo do risco na
aplicação do dinheiro, até porque os juros sendo altos compensam bem, que é o nosso caso.
E quando a bolsa portuguesa sobe, não pensem que tem a ver com
o que os nossos governos fazem. É confiança que se
instalou em todo o mundo, a bolsa anda a subir por arrasto das
restantes praças, que já transbordam é sempre assim, até nova crise que não demora e
elas vão dar sinal.
Há um clima de confiança, mas acima de tudo há dólares a
mais nos mercados. Tudo decidiu acorrer aos mercados ao mesmo tempo.
Como as bolsas estão a ficar saturadas, os
investidores acorrem a investimentos em obrigações, até porque são títulos mais
seguros que acções, como tem estado a acontecer por toda a Europa e não só.
A confiança arrastou muito dinheiro para as praças que
estava escondido e com isto o leilão da divida portuguesa teve ontem sucesso.
Há muito dinheiro, não está é nas nossas mãos. É dos ricos.
De resto o governo tudo o que fez foi mesmo o destruir das
nossas vidas e agradar aos mercados, mas esperem que quando os resultados
começarem a ser negativos novamente eu quero ver esses Coelhos e Portas a
cantar vitórias.
É que o desemprego de longa duração veio para ficar, para os
jovens e para os mais de 45 anos que ninguém quer saber, e os salários esses vão
continuar a cair.
Só não entendo é porque empurraram com a barriga tanta
divida para 2017 e 18, para os outros governos se desculparem com mais austeridade.
Nenhum país consegue recuperar economicamente com uma divida
impagável, com juros tão elevados, com destruição do tecido económico-social,
portanto metam lá a viola no saco sff.
Ah, já agora e quando já não tiverem privatizações para
compor o Orçamento de Estado, nem proveitos que tinham até aqui com empresas que davam
lucro e agora estão nos privados?
Aí é que eu os quero ver a cantar de galo!
Piu piu piu, a sorte também se acaba.