sexta-feira, 5 de setembro de 2014

AS NOVAS MEDIDAS DO BCE

O BCE decidiu alterar as taxas diretoras para 0,05%, um nível de baixa record, nuca visto na Europa. A par disso o super Mário (assim batizado o presidente do BCE), anunciou um programa de compra de ativos supostamente no valor de 500.000.000 euros ou mesmo um bilião, a empresas particulares, especialmente bancos.

Imitando  as iniciativas tidas pelo FED (americano) designadas por Q.E. (compra de ativos)  que dessa forma estimulou a economia norte americana nos últimos tempos, atrasando a nova recessão, que entretanto já anunciou o abrandamento dessa compra e a subida das suas taxas de juro à medida que os seus dados económicos se tornam positivos, vem agora o BCE tentar resolver da mesma forma os problemas económicos que assolam a Europa.
Com uma perigosa deflação que está a chegar, com níveis estruturais de desemprego elevados, com uma moeda forte a reduzir as exportações, a União Europeia corre o risco de entrar novamente em recessão, com um alerta já da parte de Itália e  França, com dados do PIB negativos e mesmo com a Alemanha a dar mostras de desaceleração económica, o Super Mário teve que intervir de forma drástica que surpreendeu o mercado.
Desafiou os governantes a fazerem algo pondo-se já a possibilidade de novos défices orçamentais para os estados  poderem estimular a economia, que no caso de Portugal só agravará a dívida já ida em cerca de 132% do PIB, agravando os nossos problemas, mas com uma Alemanha que sempre esteve contra, adivinha-se grande discussão.
As medidas para com os bancos que ali depositem o seu dinheiro com taxas negativas de 0,2% é outra forma de obrigar os bancos a investir na economia real através de empréstimos às empresas para estimular a economia, para não perderem dinheiro nos seus depósitos ali colocados.
Há ainda o compromisso, de o BCE só comprar os ativos se os bancos aplicarem esse dinheiro da compra, emprestando às empresas para estimular a economia.
A medida parece ser inteligente, mas o certo é que já nos EUA as empresas começam a viver dificuldades de vendas, pois a procura interna não dá sinais de recuperação porque no essencial o poder de compra é cada vez menor, com salários cada vez mais baixos e mais degradados e as exportações já tropeçaram, conforme vai acontecer na Europa.
Imitando esse caminho caminho acabará por daqui a uns tempos e após este programa ser aplicado, o único efeito que vai surtir será uma subida do valor das ações e outros ativos perigosos em forma de bolha a par de outras bolhas provocadas com o dinheiro barato, como o caso do imobiliário, pois tendencialmente o dinheiro que sobrar no mercado será canalizado para esses mercados, conforme aconteceu nos EUA com uma valorização exorbitante, correndo o risco de a qualquer momento a bolha estoirar deixando muitos investidores pendurados com ativos que podem perder valor num ápice levando a uma crise ainda maior, conforme se anuncia.
Por outro lado com estas medidas que forçam a desvalorização do euro acabam por constranger o dólar que ao valorizar em relação à  nossa moeda provocando desequilíbrios na economia americana que arrasta a Europa e obrigará a novas medidas por parte deles para contrabalançar as dificuldades nas suas empresas exportadoras, adivinhando-se uma disputa entre moedas, nunca esquecendo as outras como as asiáticas.

Assim esta “pescadinha de rabo na boca” só surtirá  efeito durante esse período de tempo de intervenção do BCE, acabando por não trazer resultados duradouros, uma vez que por um lado as próprias empresas se vão retrair no investimento porque não vão ver baixar os seus stocks, devido a que no essencial a política destes países não passa pelo estimulo ao emprego, a não ser pelas políticas de salários mais baixos, como acontece entre nós e com a precarização laboral. 
Se a maioria dos países da Europa continuarem a apostar em salários cada vez mais baixos, tentando contrabalançar a concorrência asiática e também devido à sua debilidade orçamental, passando só pelo aconselhamento à Alemanha na subida dos seus salários para estimular a sua economia, porque está bem financeiramente, não será o suficiente para recuperar o resto da Europa. Até porque a Alemanha não mostra vontade de o fazer e além de que Merkel não vê com bons olhos, serem os alemães a suportar esta política do BCE, a não ser que realmente eles entrem em derrapagem por causa dos problemas relacionados com a Ucrânia e Rússia, que acabará por afetar a sua economia.
A acrescentar a tudo isto ainda se juntam os problemas dos Jiadistas do Levante na Síria e Iraque que os americanos andaram a armar e agora têm que combater, tal é a ameaça para o mundo, exigindo agora à NATO um esforço financeiro adicional para armamento no combate àqueles terroristas, vivendo numa crise de guerra que derrete o dinheiro em armamento deixando os outros problemas de lado. 
Mas não parecendo satisfeitos ainda anda um tal Durão Barroso a incendiar a Europa a mando sabe-se bem de quem, a querer empurrar-nos para uma guerra com os Russos que nós não podemos suportar, mas que poderá servir para depois do desbaste de uma guerra fazer renascer das cinzas um modelo económico que já deu o que tinha a dar e que eles sabem que é a derradeira solução para a crise que criaram. 
Mas isso paga-se com muitas vidas e muitas mas muitas desgraças.
Seria bem mais fácil pôr a economia a funcionar, numa espécie de “Robim dos Bosques”, tirando aos ricos para dar aos pobres, bastando dar-nos salários condignos para  a economia  funcionar. Porque de outra forma sejam quais forem os estímulos serão sempre para os mesmos.
E o carrossel não vai parar numa espécie de montanha russa, com medos atrás de medos e nós todos a berrar.   
Já agora! Você emprestava dinheiro a quem não tem condições de o poder pagar? 
Pense nisso, que é o que os banqueiros vão pensar.     

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