segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

AGORA A CULPA É DA CRISE ASIÁTICA E DOS EMERGENTES

A economia dos países ocidentais já estava em crise bem antes da crise de 2007.
Os desequilíbrios globais eram evidentes. Com a economia mundial a desenvolver-se a três velocidades. Era espectável que isto iria acontecer.
Com um sistema financeiro apostado na especulação e não na produção e realização de investimentos, só podia trazer estes resultados.
A culpa não foi só da bolha do subprime imobiliário. A culpa foi de um neoliberalismo desenfreado, que só se interessou com o lucro e formas de o obter.
Não se preocupando com a criação de postos de trabalho alternativos ao crescente aumento de desemprego e à substituição de mão de obra humana pelas novas tecnologias, robótica e desenvolvimento cientifico, os especuladores só viram o lucro e os empresários igual. Canalizando os seus investimentos para países onde o lucro era mais proveitoso, como os países asiáticos, deixando um rasto desemprego que possibilitou tabelar ao nível dos países mais pobres os salários dos países em crise no ocidente.
 Com um pensamento mercantilista do Estado, não regulamentando nada e permitindo que se fizesse tudo de forma absurda, como os investimentos em bolsa e mercados completamente desprotegidos por lei. Tudo foi permitido fazer e continuando tudo na mesma.
As medidas adoptados pela Reserva Federal Americana lançando abundantes somas de dólares no mercado, serve essencialmente para facilitar aos especuladores como os maiores bancos, a diluição e livrarem-se de investimentos chamados lixo tóxico que de outra forma teriam que ser declarados quebras e lhes acarretaria grandes prejuízos e algumas falências.
A diluição dos produtos tóxicos dos bancos faz suportar esses prejuízos pelas pessoas, quer através de abaixamento de salários, quer a impingirem produtos financeiros aos particulares, ou mesmo através de investimentos bolsistas onde acabarão por perder grande parte das aplicações, uma vez que o PER das empresas está muito elevado. Isto é, o valor observado essencialmente em acções, não corresponde ao seu real valor.
Por fim, o aumento do défice global (publico e privado) dos países que decidiram segurar estes investimentos imprudentes, levará porventura à falência de alguns estados, com dívidas impagáveis como é o nosso caso.
O colapso do PIB dos países desenvolvidos deve-se essencialmente ao um desenvolvimento mundial desigual ao longo da história, que se ressentiu com a globalização, em que as grandes empresas multinacionais se deslocalizaram para obter mais lucros.
Os Estados desenvolvidos foram suportando com um PIB cada vez mais baixo e um défice cada vez maior, enquanto o estado social for segurando as pontas.
A culpa assenta no desenvolvimento desigual nos vários pontos do mundo e com o novo fenómeno da globalização, arreganhou tamanhas brechas. Naturalmente que para este modelo económico e social, é mais fácil tabelar por baixo do que nivelar por cima, daí este ataque cerrado a direitos laborais e sociais e com um brutal abaixamento de salários e aumento da precariedade laboral.
Claro está que enquanto esta politica não for demonstrada que é um verdadeiro fracasso, eles irão persistir em salários cada vez mais baixos.
Faltará saber se novamente não virão defender a regra da oferta e da procura, como acontecia há dois ou três séculos atrás. Então aí sim, assistiremos a trabalho à troca de comida e com as crianças a ter que começar a trabalhar de novos.
Claro está que é difícil admitir que com salários mais elevados aumenta o consumo e provoca o desenvolvimento, suportado no ocidente enquanto pode à custa de mão de obra barata desses países mais pobres sustidos apenas nas produção exportadora das grandes multinacionais aí instaladas que acabaram por esvaziar financeiramente os países desenvolvidos.
Exemplo disto, é o que se passa no Japão desde os anos 90, agora com uma dívida astronómica e só suportada porque os japoneses ainda a conseguem segurar.
A economia nunca poderá recuperar com salários baixos, não sustentando poder de compra das pessoas.
Com esta crise as trocas comerciais entre países agrava-se, os países fecham-se em si mesmo, impedindo os fluxos comercias de mercadorias e de pessoas.
Os países radicalizam-se (com fenómenos de novas extremas – direita) e protegem as suas economias provocando maiores crises.
Estas crises levam ao aumento de desigualdades sociais e novas manchas de pobreza, não permitindo um verdadeiro desenvolvimento.
Isto leva a que os países que estavam com crescimento económico e com superávits à conta do aumento de exportações para países desenvolvidos, entrem também eles em recessão, devido à falta de escoamentos da produção, porque não apostam no verdadeiro desenvolvimento desses países.
Este fenómeno que se verificou há poucos dias com a crise da fuga de dinheiros dos países em vias de desenvolvimento (asiáticos), é nada mais nada menos o regresso do dinheiro feito em apostas na economia daqueles países quando a crise rebentou aqui.
O dinheiro transfere-se de um canto do mundo para o outro com um click e ele vai andar a rodar de um lado para o outro, sempre à procura do lucro.
Conforme agora voltou de lá, para lá pode voltar quando a crise se instalar novamente na Europa e EUA, e assim andará a destruir economias e empurrar para a miséria famílias, até que um dia não vai ter país nenhum para fugir, porque a depressão será global, com a pobreza a ser aceite por todos nós.
A não ser que nos oponhamos.
Se pegassem nesse dinheiro infindável apostado na especulação, retribuíssem salários justos e apostassem no desenvolvimento e bem-estar dos povos acabariam com a crise e a economia crescia.

Mas vá lá dizer isso a um rico.

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