terça-feira, 16 de dezembro de 2014

COMMODITIES, A TEMPESTADE PERFEITA?

Com a queda dos mercados bolsistas, a que começamos a assistir, com os indícios dos vários países a deslizar já por algum tempo, como o caso do PSI 20, a dar sinais de inversão já há algum tempo, os europeus a começar a dar os mesmos sinais e a América teimosamente a segurar-se por apenas inocentes que ainda acreditam que é possível ainda ganhar dinheiro em bolsa, os grandes investidores institucionais e fundos internacionais estão aos poucos a sair desse mercado à beira de um colapso.
É sabido que estas questões demoram algum tempo a acontecer e não se dão de um dia para o outro, fica desde já o aviso.
Alem de mais que a baixa do petróleo é verdadeiramente um claro sinal de que a economia mundial está doente.
Hoje assistimos a uma baixa vertiginosa no valor do brent, a caminhar para a casa dos 40 dólares como se diz já por aí.
O que é certo é que já desceu para metade do preço em meia dúzia de semanas e ao que parece assim continuará.
Diz-se que tem a ver com guerras comercias, interesses estratégicos dos países, excesso de produção, ou mesmo desentendimento entre produtores. Seja lá o que for, ele cai sem dó nem piedade. E há países que dependem dele para a sua sobrevivência, como uma Nigéria, Irão, Venezuela, etc.
Temos a amiga Angola já com problemas internos devido à baixa do ouro negro, ao que parece com falta de divisas e a aparecerem as contestações sociais, País para onde emigra tanto português.
Reparem na Rússia, que teve que subir as taxas de juro em 650 b.p. no rublo da noite para o dia para evitar a sangria da desvalorização da moeda e da fuga de capitais, devido restrições económicas provocadas pela questão da Ucrânia que a afectará no seu orçamento anual, mas também afectada pela baixa do preço do petróleo e gás. Tudo isto mais cedo ou mais tarde deflectirá também numa recessão mundial.
O mesmo já sucedeu com outros países no inicio deste ano, como a Índia a Turquia e praticamente todos os países emergentes afectados pela fuga de capitais e desvalorização drástica das suas moedas, que provocou uma desaceleração económica nesses países motores de crescimento da economia mundial.
A exemplar Alemanha, está prestes a entrar em recessão (quem diria!) devido essencialmente ao conflito criado por causa da Ucrânia, de onde derivaram restrições económicas reciprocas.
Olhem para a maioria dos países desenvolvidos, como os da Europa todos atolados em dívida soberana e problemas sociais, como nós, a França, a Itália, a Bélgica, etc.
Mesmo os EUA com um programa de despejo de rios de dinheiro na economia por parte da FED, agora a ver-se toldada pela baixa do petróleo de xisto que não suportará este preço.
O Japão, que já experimentou todos e mais alguns planos de recuperação económica e que não descola.
A China que era o grande motor da economia mundial, neste momento a rever o seu crescimento para 7,1%, assustando os mercados com esta estimativa.
Agora a associar-se a tudo isto vem a descida das chamadas “commodities” que são extraídas da terra, mercadorias como o ferro, cobre níquel, alumínio, carvão, etc.
Se o petróleo cai como está a cair, associado a esta queda vem a descida destes produtos, que no caso do ferro está a bater recordes de baixa dos últimos cinco anos.
O efeito está a tornar-se assim contagiante.
A seguir à baixa destas “commodities” veremos a baixa das outras, como o açúcar, o café, trigo, cacau, soja, arroz, etc.
Assistiremos em princípio à baixa da prata, paládio, platina. E nunca se sabe se também o ouro, mas aqui deixo as minhas reservas, por ser produto refugio.
Com a baixa do petróleo e de todas as outras mercadorias citadas, tudo causado pela crise de produção, falta de investimento e fraca procura, assistiremos às baixas de preço, que tanto tememos, a chamada deflação e adiamento da compra. Inicialmente de bens duradouros e por fim se estenderá aos bens de essenciais, provocando um enorme aumento de desemprego e precariedade social, arrastando-nos para a maior recessão que todos nós assistiremos, visto que as Nações estão descapitalizadas e os detentores de capacidade financeira não irão querer investir e arriscar perder o seu dinheiro.
Quando Cristine Lagard disse que a descida do petróleo era bom para a economia, pelo menos de alguns países..., não sei!
Acho que agora vistas bem as coisas, muitos países entrarão em “default” e será uma desgraça mundial.
Só espero que a solução não seja a guerra, mais sim ir atrás do dinheiro onde o há e pôr a economia em marcha.
Mas para isso não contem com estes políticos, demasiado comprometidos com o poder financeiro, concentrado em meia dúzia de ricos.
Será necessário agir em nome dos povos e não em nome do dinheiro.
Para isso terá que surgir um homem novo, menos complacente, mais participativo, exigente e mais esclarecido.
Até lá só nos restará a desgraça que será servida aos poucos para não doer tanto, como convém.
Raios! Não consigo ser optimista.

No entanto um Feliz Natal e bom ano de 2015, que julgo que ainda não será assim tão mau, para já.

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