A cidade de Detroit, a quarta maior cidade dos EUA e a
cidade símbolo da esplendorosa industria do capitalismo, de tempos promissores em que se
julgava que este modelo era o máximo, entrou em bancarrota.
Mesmo com vestígios vindos de todo o lado, agora temos inequivocamente mais um sinal do
passo para o abismo. Infelizmente claro.
Cada dia que passa vemos o sistema a desmoronar-se. Cidade
atrás de cidade a promissora América, terra de oportunidades está a tornar-se a
terra do infortúnio.
Com o passar do tempo os Estados declaram-se falidos, deixando um rasto de miséria e destruição caótica, onde restam os desventurados
que não tiveram para onde fugir e se resignaram ao convívio com a marginalidade, após tantos suicídios envergonhados e rastos de crueldade laboral das empresas deslocadas e falidas
também.
E os governantes que em nada se determinaram a resolver a não ser tentar salvar a industria automóvel, deixando um rasto de destruição social pairando pelos que foram obrigados a ficar empurrados para o
abandono a que foram votados, pelo sempre venerado progresso capitalista.
Esta é bem a montra do que se espera de um modelo económico
e social falhado, que apesar de tentar salvar-se pela emissão desenfreada de
notas verdes, um dia conhecerá o seu desastroso resultado, perante um mundo em
crise, provocado por um modelo cuja referência é o lucro a qualquer preço e com
isso criar fossos sociais cada vez mais fundos.
Com uma dívida impagável assim
se continua a apregoar os proveitos do capital e dos mercados que tudo fazem
para fabricar meia dúzia de ricos a troco de destruição de estados sociais e da
criação de um número cada vez mais infindável de pobres, especialmente à custa de falências bancárias resultantes de apostas em investimentos ousados e falhados, em detrimento de fundos especulativos nas mãos de ditos investidores, perigosos mas privilegiados.
Detroit apresenta-se como montra de um resultado falhado, que nos pode ajudar a imaginar o futuro das grandes cidades industriais e
cosmopolitas onde o terror e o medo se instalarão.
Com serviços sociais destruídos, quase sem ambulâncias e polícias, com transportes públicos como que inexistentes, ruas sem iluminação, desemprego
e marginalidade, numa magnitude de destruições, com edifícios completamente
esventrados, entregues a delinquentes, dos
quais se apoderam como se estivessem tomar terreno numa guerrilha urbana. Tudo
isto à mercê de umas autoridades incapazes de lidar com essa nova realidade, as futuras grandes cidades serão assim.
Um inferno para viver, onde os que ali restarem farão parte de gang’s criminosos a ameaçar os medrosos enjaulados dentro de torres de
tijolos a vacilar entre a sobrevivência aterrorizada ou o suicídio sem remédio.
Detroit mostra aquilo que foi um sonho e naquilo que
se tornará o mundo. Um autentico pesadelo.
As entranhas do inferno começam a abrir-se.
Não se iludam,
que aos poucos e poucos vai acabar por acontecer. A não ser que tenham coragem de enxergar o evidente, mas aí acho que já
não irão a tempo. Pois tudo estará perdido.
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