Quando um casal decide dar os laços, ambos estão de acordo,
porque a maior ilusão é estarem juntos um com o outro.
Mas
com o passar do tempo as ilusões desvanecem, ou por razão de um, ou desilusão
do outro, ou muitas vezes falta de dinheiro a relação deteriora-se. Muitas
vezes por novos amores e novas ilusões.
O
certo é que Portugal assistiu a um casamento há cerca de dois anos e parecia
que os noivos iam ser felizes para sempre.
Com o
correr do tempo, como em qualquer casal, começaram as desconfianças e o
ambiente familiar degradou-se.
O
casal começou a andar de costas voltadas, um a fazer mais picardias que o outro
e a partir daí começou a sentir-se dentro da família e mais tarde com
desconfiança da vizinhança, que a alegria entre ambos já não era a mesma.
O
casal quase não aparecia em conjunto socialmente e ninguém os via sequer
conversar o que quer que fosse.
Era um
casamento disfarçado. A fazer lembrar um certo casamento real de um país
vizinho.
Assim
funcionava o matrimónio. Mal se falavam, tais eram as traições entre eles, que
só fingiam estar tudo bem para calar a família e amigos. Mas no fundo no fundo
só aspiravam era a separação onde nenhum queria ficar a perder com o casamento,
como normalmente acontece.
Os
seus herdeiros inocentezinhos, começavam a sofrer com isto e cada um tentava
convence-los da sua razão, coisa que eles tinham dificuldades a entender.
Certo
dia a traição foi tão clara aos olhos de todos que a notícia rapidamente se
espalhou pelo povo, tal foi o alarido.
Não havia
mais nada a fazer, como qualquer pessoa honrada, só já restava pedir o
divórcio, perante o escândalo nacional. “Afinal havia outra”.
Andava
nas bocas do mundo e por isso só tinha como alternativa o divórcio.
Uma
decisão irrevogável, perante tamanha traição.
Em sua
opinião deveria aproveitar o deslize do seu par e sair deste casamento com
alguma dignidade e tirar partido do escândalo. Já lhe bastava a vergonha da
traição. Não se importando com as desculpas do cônjuge de que os financiadores dos seus negócios, lhe impuseram aquela subalterna como gerente das contas lá de casa e que ali não havia traição mas sim imposição e nada mais além disso. E tudo o resto era teatro.
Havia
um colega de ofício que já lhe assediou, desde que começou a frequentar as
festas e passadeiras, por onde eles têm andado, tendo eles até já passado um
fim-de-semana juntos, com pessoas muito importantes e poderosas que garantiram
apadrinhar o novo enlace quando o divórcio acontecesse.
Sabendo
da sentença esperada do seu casamento era uma boa aposta, manter acesa a chama.
Com a
canseira dos maus tratos psicológicos e da indiferença do cônjuge, porque não
aceder ao assédio de um bom partido?
Afinal é a
possibilidade da continuação na ribalta, que é tão bom!
Mas só
lhe restava perante o escândalo sair de forma vitoriosa mesmo queixando-se da
traição adúltera.
Pois
agora era conhecido que ele escolheu outra, para lhe governar a casa.
Perante
isto só restava a saída sublime que escondendo-se por detrás de um crime
público, sairia ainda com estatuto de vítima.
Procurar
um novo companheiro e deixá-lo a ele agarrado à senhora que ele agora escolheu
para enfrentar um novo futuro. Sabendo que sem o seu apoio mesmo que a sua
família estivesse contra si seria mais fácil demonstrar alguma honra.
Mas a
família assim que soube reuniu-se logo a prometeu tira-lo de cabeça de casal e
da frente dos negócios familiares.
Aí
começaram os seus problemas. Sem apoio da família e após conhecimento do pai do
cônjuge, da desavença irrevogável o chefe do clã zangou-se e furiosamente
parece ter obrigado o casamento a manter as aparências, mesmo que para isso
seja necessário aguentar qualquer adultério ou se necessário arranjar um
casamento moderno. De resto é preferível fingir, mesmo sendo um casamento
podre, mas os seus amigos e parceiros de longa data e de grande prestígio irão
ter isso em consideração, o não arriscar a perder os seus parceiros de negociatas nos mercados,
tão essenciais no momento.
Assim
perante as evidências tiveram que se entender frente a frente, e como que”
animal ferido” a sua exigência foi, ser a dona da casa e sendo que os gastos, gestão
do dinheiro e dividas, passariam pela sua mão, esvaziando os poderes machistas daquele
que se julgava ser a sua cara metade.
Sem
alternativa, um e outro com um prejuízo somado de cerca de 7 mil milhões com a
crise casamenteira, tudo se resolveu para já, pelo menos até se pagar a dívida
contraída com as inerências do casamento, tal é a irrevogável vontade de poder
de um e outro, sujeitando-se o primeiro às vontades do segundo com as
exigências do velho patriarca.
A população
exposta a este lamentável espectáculo assiste a um cônjuge “chifrado” mas a
ganhar poderes perante o outro e a tornar-se governanta geral, tudo isto porque
o patriarca quer a salvação do casamento, mantendo os seus interesses nos investimentos
e negócios, mesmo que para isso seja necessário amantizarem-se com mais alguém,
numa espécie de “menage à trois”, mantendo-se os interesses da família e não
permitindo concorrência de outros que já espreitam, e até lá ganhar tempo para
restabelecer as parcerias de interesses agora abalados.
Vamos
ver o que acontece, se vamos ter um bordel político, para salvar algumas
paranóias e cautelas do patriarca, ou o povo vai pedir um Tribunal que condene
pelo sufrágio este casamento promíscuo, que muito prejuízo já deu a tantas famílias
onde já causou verdadeiros divórcios e vitimas de violência doméstica, dentro de
sérios casamentos por causa destes arranjinhos e casamentos de interesse em
nome de uma salvação que já ninguém entende depois de tantos sacrifícios.
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