O padeiro só fia o pão em quem confia. Se não for de confiança e tiver fama de caloteiro o outro passa fome ou vive a pedir.
Mas como por norma lá na aldeia as pessoas têm dignidade e sempre se tem umas oliveiras, uma vinha, ou coisa assim e o padeiro sabe que logo que ele apanhar o azeite a primeira coisa que faz é ir correr pagar a divida, por vergonha.
Mas vieram uns anos que a coisa correu mal para a agricultura, a seca não deu azeite! e vinho “qu’é dele!” E assim se vive à mingua, sempre no fio da navalha.
O regedor que é amigo e conselheiro do padeiro, e sabe de agricultura e de toda a gente, foi-o avisando que a quem ele anda a fiar, já têm uma conta enorme no merceeiro, que já começou e ter medo de fiar e até já lhe cortou na venda de guloseimas e coisas supérfluas, quase só fiando arroz e massas e coisas mesmo necessárias.
Entretanto no talho o pobre agricultor já nem lá entra, tal é já o calote.
Assim o Regedor, vai avisando o padeiro que se ponha a pau, com o possível cão.
O padeiro aí percebe que corre o risco de ficar a “berrar” com o calote pois o vinho e o azeite de sobra, já não estão a dar para pagar nos outros credores. Agradece ao Regedor e até lhe oferece umas bôlas de azeite, para de certa forma agradecer o aviso.
O Regedor arranjou ali um grande amigo, pois ele até é uma pessoa muito importante lá na aldeia e influente além de que dá bons conselhos.
O Regedor ao ver que a coisa corre para o lado dele, vai procurar mais informação sobre a desgraça do pobre agricultor. E descobre que afinal ele já anda a levar as galinhas que cria ao merceeiro para trocar por comida, pois de outra forma o outro já não fia mais nada.
Agora o pobre além de já quase não ter galinhas, fica sem ovos para comer e já come as batatas só com couves lá da horta e azeite que ainda resta. E enquanto houver galinhas para trocar vai-lhas entregando por uns pacotes de massa e arroz.
O padeiro ao ser informado pelo regedor apressou-se logo a fazer o mesmo e em troca de pão o pobre entregou-lhe o ultimo almude de azeite que ainda tinha.
Assim a passos largos a familia do pobre agricultor caminha para a fome e miséria quando já não tiver mais nada para trocar.
Será que vai hipotecar o vinho e o azeite que ainda tem para apanhar, apesar de ser uma colheita fraquinha? Vai mesmo ficar sem nada este desgraçado e acabará por ficar a mendigar por aí.
É isto que espera a Portugal, vão fugir todos de nós com o medo do calote.
Acho que a maior culpa é do Regedor que assustou os outros e eles com medo… acautelaram-se e deixaram de vender sem fiar às cegas. Mas também já não vendem nem mercearia nem pão e parece que há mais agricultores a ficar assim!
Será que os comerciantes vão fechar a porta, sem clientes? Irá ficar tudo pobre?
Será que os comerciantes vão fechar a porta, sem clientes? Irá ficar tudo pobre?
Acho que o do talho vai ser o primeiro, já só lá compram aparas a fingir que é para os cães.
Vai virar tudo "lixo"?
Já agora sabem qual era a figura do Regedor no antigo regime?
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